A cultura da mamona é a primeira experiência entre agricultores da Metade Sul com culturas destinadas à produção de biodiesel. Os plantios devem se iniciar no mês de setembro, sob a coordenação da União das Associações Comunitárias do Interior de Canguçu (Unaic).

Segundo o técnico responsável pelo projeto, André dos Santos, a Unaic realizou a formação da equipe técnica que deve trabalhar com mais de quatro mil produtores em cerca de 11 mil hectares de produção. "Pretendemos atender 4.320 famílias neste primeiro ano. Serão necessárias 18 máquinas para debulha com motor estacionário e a produção prevista é de 10,8 milhões em 10,8 mil hectares".

Os 27 municípios de abrangência do trabalho da Unaic são Canguçu, Morro Redondo, Cerrito, Piratini, Pinheiro Machado, Pedro Osório, Herval, Arroio Grande, Jaguarão, Santa Vitória do Palmar, São José do Norte, Rio Grande, Capão do Leão, Pelotas, Arroio do Padre, Turuçu, São Lourenço do Sul, Cristal, Camaquã, Chuvisca, Encruzilhada do Sul, Amaral Ferrador, Santana da Boa Vista, Caçapava do Sul, Cerro Largo, Sentinela do Sul e Chuí.

Agroenergia é oportunidade de negócios
De acordo com o consultor da Fundação Centro de Agronegócios (Cenag), Eduardo Osório, a agroenergia é uma nova e promissora oportunidade de negócios. "O cenário mundial aponta à sensível alteração na matriz de produção de energia, motivada pela alta dos preços do petróleo e reação da sociedade aos efeitos danosos ao ambiente decorrentes da queima de combustíveis fósseis".

O natural esgotamento das reservas de petróleo deve levar a que, no ano de 2100, apenas 5% da energia global provenha de combustíveis fósseis e a biomassa deve responder por mais de 20% da matriz energética mundial, diz. O biodiesel é um combustível produzido a partir de espécies vegetais de alto valor energético, como a soja, girassol, mamona, amendoim, canola, dendê, pinhão manso, entre outros.

"Existe uma demanda anual de 1 bilhão de litros e a Metade Sul possui 1,5 milhão de hectares disponíveis para produzir". Para debater os assuntos energéticos e propor alternativas para estabelecer uma nova matriz energética compatível com a realidade regional, o Cenag está propondo a realização de seminário, com o apoio a UFPel, a fim de analisar as oportunidades de produção e comercialização de biocombustíveis. O evento deve ocorrer nos dias 8 e 9 de novembro, na sede da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem/UFPel).

Linhas de financiamento
Segundo Osório, a produção de combustíveis verdes, por se utilizar de matérias-primas fixadoras de carbono, permite a tomada de capitais internacionais para financiamento em condições favorecidas e o credenciamento ao mercado de créditos de carbono, de acordo com o Protocolo de Kyoto. No Brasil, existem disponíveis linhas de financiamento como BNDES e BRDE Biodiesel, Pronaf Biodiesel e Agroindústria e BB Biodiesel.
(Por Luciara Schneid, Diário Popular, 15/08/2006)
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