Adelar Hengemühle, diretor da principal instituição de ensino de Osório, com 2.000 alunos universitários e 700 secundaristas, participou da missão empresarial que há um mês visitou os parques eólicos da Espanha.
Como saldo da viagem, iniciou um intercâmbio com duas universidades espanholas (Bilbao e Santiago de Compostela) e marcou para os dias 7 e 8 de novembro próximo um seminário internacional sobre energias alternativas – o primeiro evento tentando firmar Osório como "capital dos bons ventos" e as faculdades locais como centro de formação de pessoal apto a surfar profissionalmente na onda da energia eólica.
Integrante da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), que possui escolas em dezenas de municípios brasileiros, a Facos planeja abrir onze novos cursos superiores nos próximos cinco anos.
Alguns deles, como os de Biologia, Turismo e Gestão Social, estão ligados à expectativa de que o município e a região saibam explorar convenientemente a era da energia eólica, iniciada este ano com a construção dos primeiros 75 aerogeradores do Rio Grande do Sul por uma associação de capitais e tecnologias alemães, espanhóis e brasileiros.
Com apenas oito meses de atuação profissional em Osório – antes trabalhava em Canoas, onde mantém a família –, Hengemühle reconhece que a usina eólica animou a comunidade local, mas lembra que para transformar o município num centro com alta qualidade de vida será preciso "construir uma infra-estrutura não apenas material, mas no aspecto humano", mediante a formação e o treinamento de gente apta a trabalhar com jovens e idosos que vierem desfrutar das atrações da região: o parque eólico, o morro da Borússia, as lagoas da região e o mar.
Nesse sentido, a Facos projeta criar até um curso de pós-graduação em Gestão de Recursos Naturais, já que um meio ambiente bem cuidado constitui a base da exploração do turismo, tido provavelmente como o segmento mais dinâmico da economia regional, nos próximos cinco anos.
Entretanto, se os milhares de visitantes esperados pelo parque eólico de Osório não forem bem atendidos, a cidade pode perder a onda eólica, mantendo sua tradição histórica como "local de passagem".
Por isso, adverte Adelar Hengemühle, não basta pensar apenas no próprio negócio, como se inclina a fazer a maior parte dos empresários de Osório. É preciso pensar comunitariamente. No caso da Facos/CNEC, trabalha-se não apenas para ampliar o ensino superior, buscando futuro reconhecimento federal como centro universitário, mas para recuperar e melhorar o ensino fundamental, pois é aí que começa de fato a formação dos profissionais do futuro num mundo em completa transformação.
(Por Geraldo Hasse,
Jornal Já, 15/08/2006)