"A universidade tem tentado estudar o impacto de lavouras transgênicas nos Estados?”, questiona a o pesquisador Devender Sharma, da ONG GM Watch, do Reino Unido, em recente comunicado, ao referir-se ao uso indiscriminado de pesticidas Bt em lavouras indianas. De acordo com ele, isso não tem acontecido, e os produtores rurais estão tendo que lidar sozinhos com tal questão, sendo que a universidade e o governo saem sempre atrasados.
Para Sharma, a Universidade de Agricultura de Punjab, na Índia, é a única responsável pela crise da agricultura no Estado. Isso foi expresso pelo renomado analista político e cientista agrário, que esteve na última quinta-feira (10/08) tratando do assunto em um seminário organizado pelo Bhartiya Kissan Union (BKU), na Índia.
Sharma disse que "não há dúvidas de que a Universidade de Agricultura de Punjab (PAU) ajudou na atual revolução verde”. Para isso, os principais cientistas da instituição cobiçaram até prêmios internacionais, declarou. “Contudo, agora nós temos uma crise que não é contabilizada por nenhum desses cientistas”.
Sharma acrescentou que "os cientistas vêm há muito tempo utilizando os produtores rurais para promover seus interesses lobistas de agronegócios e pesticidas. Mesmo hoje, a PAU vai abrigar um seminário sobre o uso de Bt na lavoura. Mas, até agora, a universidade não tem promovido um único seminário ou discussão a respeito do suicídio de agricultores”. O problema básico, de acordo com ele, é a revolução pós-verde, perante a qual os cientistas nunca tiveram uma postura corretiva.
Neste aspecto, Sharma citou o exemplo da diversificação. "Temos batido nessa tecla desde 1984, e, até agora, não temos sido capazes de ver qualquer benefício em termos de diversificação. Os contratos agrícolas fracassaram no país, assim como a agricultura corporativa. A PAU tem promovido cegamente as políticas ocidentais. Mas o ocidente tem estoques suplementares de alimentos, que quer vender para a Índia. O melhor caminho é fazer a Índia parar de cultivar alimentos e substituir essas lavouras por flores e morangos, exportar esses produtos, capitalizar-se com dólares e então comprar alimentos do ocidente", concluiu.
(Por Amrita Chaudhry,
Ludhiana Newsline, 11/08/2006)