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2006-08-16
Em cinco anos, quase toda a soja produzida no País virá de sementes geneticamente modificadas — as conhecidas transgênicas — mesmo prazo em que o Nordeste deve dobrar sua participação no mercado brasileiro da produção desse grão, passando para 10%. Piauí e Maranhão aparecem como áreas propícias para impulsionar esse crescimento.

A estimativa é do diretor-executivo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), José Roberto Peres. Em Fortaleza, ele participa hoje (16/8), como palestrante, do XX Seminário Panamericano de Sementes. Segundo ele, a logística, como portos e a ferrovia Transnordestina, são fatores decisivos.

Peres conta que 2006, primeira safra do Brasil com safra de soja transgênica — somente esse grão foi autorizado pelo Conselho Nacional de Segurança para ser melhorado geneticamente —, é sinal de que o uso da tecnologia para produzir alimentos de qualidade, com menores custos, é uma realidade com projeções otimistas para o País.

“É o primeiro ano e, no segundo semente, vamos ver quanto do plantio vai ser transgênico”, comentou o diretor. “É uma tendência muito positiva, porque, com as sementes modificadas, produzimos uma soja com diminuição de aplicação de herbicidas, controlando a erva daninha, com qualidade e alta tolerância”, disse.

Atualmente, lembra José Roberto Peres, a maior concentração da soja no Nordeste está no oeste da Bahia e no sul do Maranhão e Piauí. E são essas duas últimas regiões que devem acompanhar o desenvolvimento da cultura da soja modificada geneticamente.

“Há essa forte tendência da produção crescer nesses estados, pois apresentam condições muito favoráveis, recebendo influência da Amazônia, e com risco climático bem abaixo de outras regiões do País”, analisou. “A tendência no Brasil todo é essa do transgênico e o Nordeste aparece com essas vantagens”, completou.

Chega a arriscar que quase toda a produção nacional de soja será de sementes modificadas e que, “se ainda tiver a convencional, será para uma demanda específica”. Hoje, os Estados Unidos lideram a produção de sementes transgênicas no mundo, com cerca de 60%, seguidos da Argentina, com 20%, e Brasil, com 6%.

Outro fator importante em favor do Nordeste é a integração lavoura e pecuária, com o aproveitamento de áreas onde já existam passagem. Nessa parte do País, ressalta Peres, há espaços de pecuária extensiva e parte deles podem ser recuperados para o plantio de grãos, com incentivo da Embrapa.

Milho
Os dois próximos produtos que podem ser liberados neste ano para terem suas sementes modificadas geneticamente são o milho e o algodão. Solicitação nesse sentido já se encontra no Conselho Nacional de Segurança, informa o diretor-executivo da Embrapa. Com utilização da tecnologia, os dois produtos terão reduzidas quantidades de inseticidas, já que estarão com maior tolerância à lagarta.

Futuro
As sementes são uma aposta da Embrapa para melhores resultados na produção. Plantando o grão em vez da semente, afirma Peres, a perda da produtividade chega a 20%. Até o fim do ano, destacou, duas mil toneladas de sementes serão destinadas para a agricultura familiar do Nordeste, onde cerca de 95% dos produtores ainda plantam com o grão.
(Por Luís Carlos de Freitas, Diário do Nordeste, 15/08/2006)
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