WWF diz que crise de água se agrava nos países mais ricos
2006-08-16
O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) afirmou hoje (15/08) que a crise de água, tradicionalmente vista como um problema dos países pobres, torna-se algo cada vez mais preocupante também para países mais ricos como Austrália, Espanha, Estados Unidos, Japão e Reino Unido.
Quando faltam poucos dias para a Semana Mundial da Água, que começa no dia 20 de agosto, a organização publica um relatório no qual diz que a escassez de água pode se tornar "uma crise autenticamente mundial".
Entre os fatores que contribuem para expansão da crise, o WWF cita a mudança climática, as secas, a má gestão da água e a perda de terrenos úmidos, assim como "uma irracional confiança nas infra-estruturas hidrológicas".
Desta forma, as secas se multiplicam na Europa, enquanto no Mediterrâneo os terrenos dedicados ao cultivo e o turismo se tornam um perigo para os recursos hídricos. Na Austrália, o continente mais seco do mundo, a salinização ameaça as principais áreas agrícolas.
Segundo o relatório, a contaminação das reservas hídricas é um problema generalizado no Japão, enquanto em muitas regiões dos Estados Unidos é usada mais água do que a quantidade renovada naturalmente.
O relatório diz que Houston (EUA) e Sydney (Austrália), duas das cidades que mais sofrem com falta de água no mundo, usam mais água do que o que armazenam, e que em Londres, as perdas causadas por encanamentos velhos poderiam encher trezentas piscinas olímpicas por dia.
"Inevitavelmente, estas situações se agravarão com a diminuição das chuvas, com o aumento da evaporação e com as modificações no degelo causadas pela mudança climática", adverte o WWF.
A entidade explica que "a riqueza econômica não se traduz em abundância de água", e, por isto, "a escassez e a contaminação são cada dia mais comuns. A responsabilidade de encontrar soluções está tanto nos países ricos como nos pobres".
Como aspecto positivo, o estudo afirma que algumas cidades, como Nova York e Madri, "sustentam uma longa tradição de proteção ambiental". Além disso, pede que as novas gerações "não repitam os erros cometidos no passado".
No entanto, e "infelizmente", a maior parte dos países "parece estar seduzido pelos grandes planos de infra-estrutura sem se preocupar se estes projetos realmente irão satisfazer as necessidades e ter custos humanos e naturais aceitáveis", diz o relatório.
Para Guido Schmidt, responsável por assuntos relativos à água da WWF, "a crise de água nos países ricos prova que os recursos econômicos e as infra-estruturas não representam nenhuma garantia contra a escassez, a contaminação, a mudança climática ou as secas".
Por isto, o WWF pede a volta da filosofia segundo a qual a proteção da natureza representa "uma fonte de água". Assim, seria necessário consertar infra-estruturas envelhecidas, reduzir a contaminação e mudar os sistemas de rega.
(EFE, 15/08/2006)
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