Com o risco de uma crise energética cada vez mais presente, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) seguem uma tendência mundial e começam a colocar em prática um novo conceito de extração de gás natural. O processo dispensa a necessidade da construção de uma plataforma na superfície. Tudo é feito de forma submersa.
O projeto, desenvolvido no Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS) da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe), da UFRJ, foi simulado em um campo real de gás offshore (em reserva submarina) que, por razões estratégicas, não pode ter sua localização geográfica divulgada. O campo está situado a 160 quilômetros da costa brasileira, em uma profundidade de 500 metros.
O objetivo do trabalho foi avaliar três cenários de produção submarina de gás. O primeiro levou em consideração simulações de uma plataforma semi-submersível de águas profundas, seguido de uma plataforma fixa, tipo jaqueta, destinada a águas rasas. Os dois cenários foram comparados a um terceiro, representado por um sistema que não utiliza plataforma, conhecido como subsea to shore, ou “do poço para a praia”.
“Considerando as análises de integridade estrutural, processamento submarino, garantia de escoamento e análise de risco e custo, a terceira opção, que não utiliza plataforma na superfície do mar, mostrou ser a mais adequada às particularidades do campo em questão”, disse Segen Farid Estefen, diretor do LTS/Coppe e coordenador do projeto de pesquisa.
No conceito de subsea to shore, tubos, bombas, medidores e sistemas de extração ligam uma plataforma instalada no fundo do mar à praia, enquanto um profissional controla todo o processo em terra.
“Apesar de ter sido desenvolvida inicialmente para suprir a demanda de extração de gás, a tecnologia envolvida em nosso sistema submarino pode ser utilizada também para a extração de petróleo, com pequenas alterações técnicas”, disse Estefen.
Segundo o pesquisador, montar um sistema de extração de grande porte requer um investimento elevado, da ordem de bilhões de dólares. Por isso todas as variáveis, principalmente as análises de risco e custo, devem ser estudadas cuidadosamente.
“Não se pode considerar apenas o custo inicial do projeto, mas todo seu ciclo de vida. Esse tipo de planejamento mostra as vantagens e desvantagens da operação futura de um campo”, disse Estefen.
O projeto de pesquisa da UFRJ, nomeado Subsea production system for gas field offshore Brazil, ganhou o primeiro prêmio da International Student Offshore Design Competition, em 2005. A premiação é oferecida por associações de engenharia dos Estados Unidos a alunos de graduação de todo o mundo que tenham submetido projetos de pesquisa na área da indústria offshore.
(Por Thiago Romero,
Agência Fapesp, 15/08/2006)