Cerca de 50 produtores do Mato Grosso firmaram contrato com a IQS, para se adequar às exigências da certificação, afirma
a gerente geral da empresa, Rita Fróes. Segundo a executiva, a IQS e a Aprosoja já havia se decidido pelo convênio antes da
polêmica criada pelo anúncio, em 24 de julho, da chamada moratória ambiental pela Associação Brasileira das Indústrias de
Óleos Vegetais (Abiove) e pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
"A polêmica funcionou como um gatilho que acelerou a procura pela certificação por produtores e tradings", diz a gerente da
IQS. Segundo ela, um número menor de produtores teria aderido à certificação se não houvesse a exigência dos
exportadores e do mercado europeu.
A moratória, suspensão por dois anos da compra de soja cultivada em novas áreas desflorestadas do Bioma Amazônico
pelos exportadores que atuam no Brasil, foi uma resposta à demanda dos importadores europeus. No início de agosto, a
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Mato Grosso (Famato) divulgou nota de repúdio à moratória ambiental em
nome dos produtores. Um dos requisitos para que produtores do Mato Grosso tenham a certificação da IQS é que a soja não
tenha sido plantada em novas áreas do Bioma Amazônico.
As primeiras certificações sairão no início de 2007. Os produtores do Mato Grosso que também plantam milho também
podem certificar. Na safra 2005/06, dois produtores do estado contrataram a certificadora IQS e, este ano, cerca de 6 mil
toneladas de soja e farelo foram embarcadas para Suíça e Holanda com o selo Grünpass.
Segundo a gerente da IQS, a tendência é que as tradings também busquem a certificação. Isso porque a soja certificada
precisa ser segregada para a exportação. O primeiro contrato com uma exportadora foi fechado recentemente, com o Grupo
Agrenco. "Cerca de 500 mil toneladas devem ser exportadas em 2007 por este contrato. Estamos negociando com outras
exportadoras", diz.
O Grünpass foi desenvolvido em parceria pela IQS e a certificadora alemã TÜV Rheinland. Segundo a executiva, o cliente
pode acessar pela internet todas as etapas desde a produção até a entrega do grão.
(Por Chiara Quintão,
Gazeta Mercantil, 15/08/2006)