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2006-08-14
Está entrando em operação no Estado de Sergipe um dos maiores e mais sofisticados projetos de automação hídrica já realizado no Brasil. Trata-se do Projeto PróÁgua, no qual o Banco Mundial e os governos federal e do Estado de Sergipe investiram cerca de US$ 330 milhões.

O sistema automatizado foi desenvolvido e implantado pela Atos Automação, maior fabricante brasileira de Controladores Lógicos Programáveis (CLP), que para tanto venceu licitação de R$ 7,4 milhões em 2004. O projeto impacta positivamente cerca de 80% da população do Estado e se destina a levar água tratada a pessoas que por vezes passaram a vida acostumadas a beber de cacimbas.

Depois de 24 meses de trabalho, a automação dos sistemas de adutoras de Piauitinga e do Agreste, no interior de Sergipe, entrou em fase operacional em meados de 2006.

Ao lado dos 50 técnicos diretamente alocados pela Atos para cumprir os prazos estabelecidos no Programa PróÁgua, cerca de 1,3 milhão de pessoas participaram da contagem regressiva que terminou no último mês de junho. Elas são as principais beneficiárias do projeto que visa a ampliação da oferta de água potável para o equivalente a 25% da área de Sergipe.

No local, a Atos implantou uma das mais sofisticadas redes de controle automático de processos já criada pela engenharia do País. Espalhados geograficamente pelo Estado e conectados entre si por uma rede de telemetria (isto é, de comunicação de dados via rádio digital), 73 Controladores Lógicos Programáveis Atos MPC4004 são agora responsáveis por um salto qualitativo sem precedentes na vida de 8 em cada 10 sergipanos. "O sistema de automação faz a monitoração e o controle de 27 estações elevatórias de água, dez poços artesianos e 36 reservatórios. As informações do processo são transmitidas através de sinais de rádio e centralizadas em dois Centros de Controle Operacional, permitindo aos operadores o acompanhamento em tempo real do que ocorre ao longo de todo o sistema", revela o gerente de Engenharia de Aplicações da Atos, Daniel Andrade. "Isso se traduz em água limpa, produzida sem desperdício, para milhares de famílias que antes se abasteciam em cacimbas e poços sem mínimas condições de higiene."

Munida de informações recolhidas com trabalhadores que controlavam manualmente os reservatórios e as estações de elevação então existentes, a equipe da Atos costurou um sofisticado sistema de software que controla cada detalhe da operação - e levando em conta tanto a expertise tecnológica da empresa quanto à experiência prática dos operadores e as variáveis ambientais do processo.

O sistema é alimentado por centenas de sensores que não só dizem onde e quando há necessidade de maior ou menor produção de água como ainda alertam para a ocorrência de problemas, como vazamento em um duto, e para quebras potenciais.

Além disso, dentro do conceito de sustentabilidade, a automação permite que a água seja produzida - isto é, bombeada, tratada e estocada - apenas em horários nos quais a eletricidade é mais barata. O sistema da Atos também tem inteligência o bastante para não permitir que se trate água além da demanda. "Em processos convencionais a água é tratada e, se não há consumo, é devolvida ao rio ou reservatório", explica Andrade.

Esse tipo de detalhe mostra o refinamento a que a equipe da Atos chegou para tornar o sistema o mais "ambientalmente amigável" possível com a atual tecnologia.

Energia solar

Outro exemplo na mesma direção é o da geração de energia elétrica para alimentar CLPs e outros equipamentos em regiões remotas. Ao visitar áreas onde deveriam ser instalados os equipamentos eletrônicos de controle, os técnicos descobriram que muitas delas, no sertão, não contavam com eletricidade. "Como fomos lá para resolver problemas e não para criar novos, acabamos criando novas soluções para questões que sequer estavam no escopo do projeto", conta Daniel Andrade.

No caso da energia, a solução foi dada pelo desenvolvimento em prazo recorde de geradores solares de eletricidade. Essas e outras novas soluções têm importância não apenas local. Muitas já estão sendo somadas ao mix tecnológico da Atos e ajudarão a enfrentar problemas semelhantes que, longe do interior de Sergipe, começam a afetar populações de outras regiões do país.

A importância ganha contornos ainda maiores se levado em conta que, dos 1.386 milhões de quilômetros cúbicos de água disponíveis na Terra, só 2,5% são de água doce. Embora esse percentual venha se mantendo relativamente estável ao longo da história humana, a população mundial saltou de 250 milhões de pessoas há dois mil anos para mais de seis bilhões hoje em dia. E o consumo de água, agravado pela poluição, triplicou de 1950 até este início de século.

Trabalhando há dois anos nas áreas afetadas pelo PróÁgua, Andrade conta que tanto ele quanto outros especialistas da Atos ficaram tocados com a extensão humana do projeto: "É impossível participar de uma implantação com cunho social e ecológico tão flagrantes sem se envolver pessoalmente", diz.
(Por Mauricio Bonas, Allameda Comunicação Corporativa, 10/08/2006)

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