Na busca de redução de custos e
de estender o conceito de Triple A para questões ecológicas e de responsabilidade social, está sendo construído em Porto
Alegre um prédio comercial que os empreendedores garantem ser o primeiro abastecido por energia eólica em meio urbano
no Brasil. O edifício Eolis, erguido na Avenida Carlos Gomes, na 3 Perimetral, considerada a "Avenida Paulista" da capital
gaúcha pela grande concentração corporativa, está em fase final de construção pela Capa Engenharia, com um investimento
de R$ 12 milhões da Luiz Augusto Empreendimentos Imobiliários.
De acordo com o engenheiro Christian Voelcker, diretor de patrimônio da imobiliária Auxiliadora Predial, criadora e
administradora do projeto, o gerador eólico que será instalado sobre o edifício terá uma capacidade inicial de gerar 3
quilowatts. A idéia é utilizar a energia dos ventos somente entre as 18 e 21 horas, considerado o horário de pico. "Nesse
horário, de acordo com o nosso enquadramento na tarifação energética, o preço que pagamos à distribuidora seria dez vezes
acima do normal. Mas é justamente nesse horário que temos os maiores volumes de ventos em Porto Alegre", explica
Voelcker.
De acordo com ele, o custo do gerador eólico gira em torno de R$ 40 mil, um investimento que já apresentará retorno em no
máximo cinco anos. Caso a iniciativa demonstre uma viabilidade econômica ainda maior, existe a intenção de até triplicar a
produção de energia eólica no prédio.
Segundo Voelcker, com a energia eólica e outras soluções encontradas para diminuir custos, os gastos com eletricidade
serão 50% menores. "Em média, o custo com energia é de R$ 8 o metro quadrado, mas nós esperamos R$ 4 por metro
quadrado", estima Voelcker.
Todo o equipamento de geração eólica está sendo importado dos Estados Unidos. Para implantar o projeto, os
empreendedores contarão com o conhecimento do Núcleo Tecnológico em Energia e Meio Ambiente (Nutema) da PUC do
Rio Grande do Sul, que analisou todos os impactos possíveis do empreendimento. Conforme o Nutema, o ruído é mínimo e o
único impacto é uma certa mortalidade de pássaros. Esse problema seria menos grave, porém, que os acidentes com aves
que colidem com fachadas espelhadas de prédios. O empreendedores também procuraram alguma legislação referente ao
tema, segundo Voelcker, mas não foi encontrada nenhuma referência em razão do ineditismo do projeto.
Além da economia de energia elétrica, o prédio terá custos menores com a água, captando da chuva todo o volume que não
for utilizado para consumo humano. A Auxiliadora Predial, que está completando 75 anos, teve também no projeto a função
de definir o público-alvo, estimar o tempo de retorno do investimento e traçar as características arquitetônicas básicas.
(Por Caio Cigana,
Gazeta Mercantil, 14/08/2006)