Empresas de Joinville e do México buscam tecnologia contra resíduos
2006-08-14
O meio ambiente pode ser poupado sem perdas na produtividade mesmo em indústrias de fundição. Uma das novidades apresentadas na Metalurgia 2006 (Feira e Congresso Internacional de Tecnologia para Fundição), que se encerrou na última sexta-feira em Joinville, é o catalisador dimetilpropilamina (DMPA), produzido pela empresa mexicana Petramin.
O produto garante melhor relação custo/benefício no processo de fundição à caixa fria. Aliado ao lavador de gases (scrubber) da empresa joinvilense Vick - feito especialmente para o produto mexicano e também apresentado na feira -, o resultado é o aproveitamento da matéria-prima sem dano ambiental, segundo os fabricantes.
No Brasil, as indústrias de fundição utilizam 110 toneladas/mês de catalisadores. O mais comum é o trietilamina (TEA). Com o substituto DMPA, o consumo cai para 50 toneladas/mês, reduzindo a poluição e aumentando a produtividade em 30%.
Em Joinville, a dupla Petramin e Vick apresentou sua solução em conjunto: o catalisador DMPA, da Petramin (mais produtivo e menos poluente), e o limpador de gases (scrubber), da Vick (que elimina a poluição atmosférica e garante 100% de eficácia quando operado por um profissional habilitado). Os dois produtos, quando combinados, garantem à empresa a possibilidade de zerar seus resíduos do processo de fundição.
Ao limpar os gases, o scrubber gera resíduos (compostos por água, ácido sulfúrico e catalisador, a solução AAC). Atualmente, a opção disponível para o descarte correto é o aterro industrial, mas a Petramin planeja instalar duas estações de tratamento no Brasil. A intenção é recuperar os resíduos e revertê-los em matéria-prima. Essa reciclagem, no entanto, só será possível quando a empresa mexicana estiver em funcionamento no País (provavelmente em Joinville e Belo Horizonte, dois pólos nacionais da indústria de fundição).
Seis empresas de SC testam os produtos
Segundo o diretor da Pedramin, Sergio Lara López, a intenção da sua empresa e da Vick é fechar um ciclo. Os mexicanos produzem a matéria-prima, que é poluente, e, ao mesmo tempo, oferecem profissionais para operar as lavadoras de gases. No Estado, seis empresas estão fazendo testes com o DMPA desde abril.
Apesar de exigido para a certificação ISO 14000, poucas fundições dispõem de lavador de gases. De acordo com o responsável por comércio exterior da Vick, Martín Orioni Morales, isso se deve ao fato de o equipamento não aumentar diretamente a produtividade.
Frente para diminuir desperdícios
Mais empresas investindo em idéias para diminuir seus impactos ambientais e racionalizar a produção com a detecção e eliminação de desperdícios. Esse é o objetivo do Programa Produção + Limpa, que criou um fórum catarinense para que mais empresas participem da iniciativa.
Vinte e sete empresas catarinenses já aderiram ao programa, que consiste numa consultoria especializada com a missão de encontrar, nos processos de produção, possibilidades de diminuição de desperdícios e consequente aumento da eficiência no uso de matérias-primas, água e energia.
Desde 1999, quando foi implantado em Santa Catarina, o Produção + Limpa já promoveu a redução de 50 mil toneladas na produção anual de resíduos sólidos, além da economia de 230 milhões de litros de água e de 1 milhão de quilowatts de energia elétrica por ano nas empresas catarinenses que aderiram.
As vantagens podem ser explicadas por uma estatística simples do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), responsável pelas consultorias em Santa Catarina. De acordo com a entidade, a cada R$ 1,00 investido, o retorno é de R$ 5,00.
As empresas interessadas no programa podem contatar o IEL (Instituto Euvaldo Lodi) pelo telefone (48) 3231-4600 ou pelo site www.iel-sc.com.br.
(Por Juliano Nunes, A Notícia, 14/08/2006)
http://portal.an.uol.com.br/2006/ago/14/0ger.jsp