Rio Grande do Sul apresenta situação crítica para mananciais nas áreas urbana e rural
2006-08-14
Rios repletos de espuma, superfícies oleosas, depósitos de lixo doméstico. Esse é o visual de grande parte dos mananciais do Rio Grande do Sul, cada vez mais comprometidos devido às grandes cargas de poluição jogadas em seus leitos. Ações de educação ambiental e de limpeza promovidas com a ajuda das comunidades e projetos governamentais estão entre as medidas para tentar amenizar os graves problemas na qualidade e quantidade das águas. Pela grande concentração urbana e industrial de Porto Alegre e dos municípios do entorno, a região hidrográfica do Guaíba tem uma das situações mais críticas.
Na área urbana, os principais problemas têm origem na emissão de esgotos domésticos sem tratamento, nos resíduos industriais e no lixo domiciliar. Na área rural, eles ficam por conta da erosão do solo, do assoreamento dos cursos de água, da contaminação por agrotóxicos e dos resíduos orgânicos. O rio Gravataí é considerado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) o mais sensível da região, devido ao impacto provocado pelas lavouras de arroz irrigado, que reduziu sua capacidade de acumular água.
"Os problemas mais sérios da região Metropolitana estão nos rios do Sinos e Gravataí, que recebem a maior carga de esgoto doméstico do Estado", afirma o diretor do Departamento de Recursos Hídricos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), Rogério Dewes. Apenas 8% do esgoto recebe tratamento no RS, índice inferior ao nacional, que fica em torno de 20%. O restante vai para os mananciais ou acaba contaminando o lençol freático.
Mensalmente, acontecem mutirões de limpeza no rio Gravataí, coordenados pelas entidades que fazem parte do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Gravataí. As operações resultam na retirada de materiais plásticos - principalmente garrafas PET e sacolas -, pneus e até móveis. "O que existe são ações válidas, mas ainda isoladas. Não há um planejamento abrangente", avalia o presidente do comitê, Maurício Colombo.
O diretor-técnico da Fepam, Jackson Müller, destaca que os estudos sobre a qualidade das águas levam em consideração aspectos como concentração de oxigênio dissolvido, de carga orgânica, de coliformes e de metais pesados.
(Por Carina Fernandes, Correio do Povo, 13/08/2006)
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