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2006-08-14
A Superintendência Federal de Agricultura de Mato Grosso do Sul (SFA/MS) aguarda a decisão do Ministério Público Federal sobre o destino do algodão transgênico encontrado no mês passado em lavouras irregulares de três propriedades situadas na região nordeste do Estado.

Caso seja autorizado pela Justiça, o Ministério da Agricultura poderá destruir toda a produção de cerca de 8,6 mil toneladas de algodão que deverão ser obtidas dos 3,2 mil hectares plantados com as sementes geneticamente modificadas, em quatro propriedades dos municípios de Chapadão do Sul e Costa Rica, região nordeste de Mato Grosso do Sul. Esta ação atenderá à recomendação do Conselho Técnico Nacional de Biossegurança (CTNBio).

Até o momento, cerca de 80% da produção já foi colhida das fazendas, com rendimento médio de 180 arrobas/ha. Isso equivale a quase mil carretas carregadas com algodão.

De acordo com o fiscal federal agropecuário Ricardo Hilman, da Área de Defesa Sanitária Vegetal, o algodão foi quase todo colhido e está armazenado nas propriedades onde foram descobertas as lavouras irregulares. O produto está sendo armazenado da forma tradicional em fardos (queijos) que ficam dispostos no meio da propriedade coberto com lonas.

Hilman destaca que após a descoberta dos transgênicos – que podem ter entrado na região até em forma de sementes piratas trazidas nos bolsos de agricultores - o Mapa aplicou multa aos proprietários, que varia de R$ 16 mil a R$ 1,5 milhão, e encaminhou a denúncia ao Ministério Público Federal. "Agora estamos aguardando a decisão do MPF, e as recomendações da CTNbio sobre a forma de destruição que, se autorizada será em forma de enterrio (enterrado) no solo", frisou.

De acordo com o fiscal, os proprietários já receberam o auto de infração por terem cultivado o algodão não autorizado e a produção está impedida de deixar as propriedades.

As lavouras irregulares de algodão RR foram descobertas após uma fiscalização dos técnicos na região, em que foram cultivados 21 mil hectares nesta safra. A vistoria cobriu uma área de 19 mil hectares. No Estado, na última safra foram cultivados 30 mil hectares de algodão.

Brasil
No primeiro semestre de 2006, em todo o País, o Mapa detectou a presença irregular de plantas com proteína transgênica em mais de 18 mil hectares de algodão cultivados, conforme relatório técnico divulgado ontem pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa.

De janeiro a junho, pouco mais de 160 mil hectares de lavouras de algodão foram fiscalizados pelo ministério – área que representa 18,97% da totalidade de hectares cultivados com o produto na safra 2005/2006.

No período, foram feitas 171 ações de fiscalização de atividades com organismos geneticamente modificados, sendo 41 em áreas de pesquisa agropecuária a campo, envolvendo as culturas de milho, algodão e cana-de-açúcar, e 130 em áreas de plantio comercial de algodão e milho. As lavouras fiscalizadas com estes produtos estão nos Estados da Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná.

O ministério identificou o plantio de cultivares de algodão transgênico, com resistência ao herbicida glifosato, em lavouras de 16 municípios dos cinco Estados. O ministério não identificou a presença de organismos geneticamente modificados nas áreas de plantio comercial de milho.
(Por Rosana Siqueira, Correio do Estado-MS, 14/08/2006)
http://www.correiodoestado.com.br/exibir.asp?chave=135561,1,3,14-08-2006

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