Substância extraída da planta quebra-pedra aumenta número de células de defesa do organismo
2006-08-14
Um composto extraído da planta Phyllanthus niruri, popularmente conhecida como quebra-pedra,
é capaz de estimular o sistema imunológico, conforme mostrou um estudo feito na Universidade
Federal do Paraná (UFPR). Outras pesquisas já haviam comprovado a eficácia da quebra-pedra
na inibição de cálculos renais e no combate à hepatite B, entre outros males. Mas esta é a
primeira vez que se tem notícia da ação imunoestimulante de algum componente da erva,
largamente consumida por meio de chás.
O trabalho que levou à descoberta da substância – o carboidrato arabinogalactana – foi
realizado pela farmacêutica Caroline Mellinger durante a elaboração de sua tese de
doutoramento, defendida no Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFPR, sob
orientação do bioquímico Marcello Iacomini, com a colaboração da bioquímica Guilhermina
Noleto.
Os experimentos tiveram início com a extração e a purificação da molécula de
arabinogalactana, a partir da infusão de folhas de quebra-pedra, visando identificar a
estrutura do carboidrato. O composto, vale lembrar, não é exclusivo do gênero Phyllanthus.
“A molécula está presente em muitos vegetais superiores, mas em cada planta ela assume
características estruturais próprias”, explica Mellinger. Após a caracterização formal da
substância, os pesquisadores avaliaram, em células de camundongos, seu efeito sobre o
sistema imunológico e constataram um aumento significativo na produção de macrófagos
(células de defesa do organismo).
Os resultados da primeira etapa da pesquisa foram publicados no Journal of Natural Products,
da Sociedade Norte-americana de Química. A etapa posterior dos estudos da arabinogalactana
de Phyllanthus niruri simulou a ação do sistema digestivo sobre esse carboidrato e avaliou o
nível da atividade imunoestimulatória do composto parcialmente digerido. “Muitas vezes se
relatam ‘milagres’ a respeito de determinadas plantas, mas não se avalia o efeito das
moléculas após sua passagem pelo estômago”, afirma Iacomini. Segundo o bioquímico, a ação do
suco gástrico pode reduzir ou mesmo anular possíveis efeitos fitoterápicos de algumas
plantas.
Estudos da equipe da UFPR mostraram que a molécula de arabinogalactana, em contato com o
suco gástrico, sofre alterações e se fragmenta, sem, no entanto, perder sua capacidade de
ação sobre as células do sistema imunológico. “Embora sofra uma degradação parcial no
estômago, a molécula permanece ativa”, garante Mellinger. Segundo Iacomini, os resultados
alcançados a partir da realização desses estudos são bastante promissores e ampliam ainda
mais o já conhecido poder fitoterápico da popular quebra-pedra.
(Por Dâmaris Thomazini,
Ciência Hoje online, 10/08/2006)
http://cienciahoje.uol.com.br/54876