Afubra dá início ao projeto experimental de produção de biodiesel
2006-08-14
A Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) lançou oficialmente, na última sexta-feira (11/08), a parte prática do projeto experimental para a produção de biodiesel a partir do girassol. As primeiras sementes e insumos para a implantação da lavoura, que estão sendo custeados pela Afubra, foram entregues ao agricultor Hedio Bohrz, em Linha Rio Branco, Sinimbu.
A iniciativa, que vai envolver uma lavoura em cada um dos 22 municípios (veja abaixo) cadastrados, tem a parceria da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e o apoio da Emater, Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e Sindicatos Rurais.
Segundo o vice-presidente da Afubra, Heitor Petry, que coordena o projeto, a finalidade é avaliar a viabilidade econômica da atividade em áreas minifundiárias de fumo. Ele explica que, além do biodiesel, o projeto vai viabilizar o uso da torta para a alimentação animal. Ele destacou que os agricultores irão receber assistência técnica gratuita, através da Afubra, Emater e secretarias municipais de Agricultura. “O objetivo visa proporcionar complementação de renda aos produtores de tabaco”, disse. “Estamos otimistas com a possibilidade de transformar este projeto em uma boa alternativa”, completou, lembrando da crescente demanda pelo óleo de girassol.
O dirigente lembrou que o projeto foi criado para atender a proposta do programa de Apoio à Diversificação Produtiva em Áreas com Fumo, lançado pelo Governo Federal, após a ratificação do Brasil à Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. O coordenador técnico do projeto, o engenheiro agrônomo da Afubra Marco Antônio Dornelles, assinalou que os produtores envolvidos obedecem a critérios como, por exemplo, possuir produção animal, lavoura de fácil acesso e disponibilidade de tratores ou motores estacionários à diesel.
Depois, segundo ele, a produção das lavouras experimentais será dirigida à Estação Experimental da Afubra, local da unidade de extração do óleo. Uma parte do produto será utilizado nas pesquisas desenvolvidas pela Unisc, sendo que o maior volume retorna à propriedade. Além disso, conforme Dornelles, a plantação de girassol também é ideal para o desenvolvimento da apicultura.
Entusiasta das pesquisas, o professor da Unisc, Marcelino Hoppe, ressaltou que a produção de girassol não será a solução dos problemas do fumicultor, mas servirá como complementação de renda. “Além do biodiesel e da torta para alimentação animal, a cultura proporciona inúmeras outras possibilidades capazes de alavancar o desenvolvimento, como a produção de sabonetes, tintas e shampoos”, exemplificou.
Os resultados podem demorar, pois trata-se de uma pesquisa, mas há muita confiança, ressalta Hoppe. Ele disse ainda que o produtor deve anotar todos os aspectos dos períodos de pesquisa, para posterior análise. “Queremos resolver os problemas na medida que vão surgindo”, destacou.
O prefeito sinimbuense, Mário Rabuske, enfatizou orgulho pelo fato de seu município integrar o projeto, que classificou de arrojado. “Apesar da Convenção-Quadro, a cultura do fumo não vai se extinguir, mas a tendência mundial nos diz que é preciso reduzir a área de fumo e fomentar a diversificação”, concluiu.
(Afubra, 11/08/2006)