Em Porto Alegre, de 85% de esgoto coletado, apenas 20% é tratado. A capacidade do município fica em 27%, índice que o município pretende ampliar para 77% nos próximos quatro anos por meio do Programa Integrado Socioambiental (Pisa). Em vista do aumento da carga de poluição do Guaíba, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) tem utilizado tratamentos cada vez mais complexos e caros, de acordo com o diretor-geral da autarquia, Flávio Presser. "Estamos buscando neste momento reduzir os custos das obras do Pisa", ressalta. A previsão inicial de gasto com o programa, que contará com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), era de 115 milhões de dólares.

Enquanto a poluição é o maior motivo de preocupação para algumas regiões, parte do Estado vive outro problema: a falta de água. As últimas chuvas aliviaram a situação de áreas críticas, mas dois municípios ainda permanecem com racionamento de água. A adoção da medida em Bagé e Trindade do Sul atinge quase 40 mil pessoas. Ao contrário da Grande Porto Alegre, regiões como a de Uruguaiana, Alegrete e Santana do Livramento preocupam-se não com a qualidade, mas com a quantidade de água, influenciada sobretudo pela irrigação. "Nos últimos dez anos, houve um aumento significativo do consumo de água associado ao baixo volume de chuvas. O Estado não tem mecanismos para enfrentar a estiagem", pondera o diretor do Departamento de Recursos Hídricos da Sema, Rogério Dewes. Em função da seca abrangente nos últimos anos, o governo estadual precisou retomar algumas medidas, como a construção de cisternas e a prática da acumulação de água.

Deve ser concluído no final do ano que vem o Plano Estadual de Recursos Hídricos, que conterá as diretrizes ligadas à qualidade, quantidade e acumulação de água, quando necessário, na busca pela otimização dos mananciais gaúchos. O texto será remetido à Assembléia Legislativa para votação em 2008, conforme Dewes.
(Correio do Povo, 13/08/2006)
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