De tanto ser cortada para a obtenção de madeira ou para abrir espaços à agropecuária, a imponente Araucária está à beira
da extinção. No início dos anos 40, o pinheiro cobria cerca de vinte milhões de hectares no Rio Grande do Sul, Paraná e
Santa Catarina. Hoje, restam menos de 500 mil hectares dessas matas.
A situação precária da árvore simbólica para o Sul do país levou à proibição estadual e federal de seu corte. Mas isso não
garante sua sobrevivência. Toneladas de pinhões são coletadas, consumidas e vendidas pelas populações todos os anos, e
as florestas que sobraram enfrentam o fogo e o gado e a vizinhança com grandes plantações de pinus, eucalipto, soja e
milho.
Agora, o desafio é preservar e recuperar as florestas com araucárias. Para isso, a ciência quer descobrir como os pinheiros
nascem, crescem, vivem e morrem. A pesquisa inédita é liderada pelo pesquisador Alexandre Fadigas de Souza,
coordenador do Laboratório de Ecologia de Populações de Plantas da Unisinos - Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
Participarão alunos da graduação, mestrado e doutorado.
Os estudos começaram em algumas áreas dentro dos 1.600 hectares da Floresta Nacional de São Francisco de Paula, a
pouco mais de 120 quilômetros de Porto Alegre. Com dois anos de duração, o projeto conta com doze mil dólares (cerca de
25 mil reais) da Fundação Internacional para a Ciência (Suécia), com doze mil reais da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Rio Grande do Sul. O trabalho também tem o apoio da Unisinos e da Upan – União Protetora do Ambiente Natural, que irá
auxiliar no manejo comunitário dos pinhões.
“Proteger as florestas de araucárias é importante para muitos animais e plantas e também para as pessoas, pois regulam o
clima, as chuvas e fornecem água para os rios, além de serem atrativos para um ainda pouco explorado turismo“, disse o
professor.
Os resultados do trabalho, segundo Fadigas, poderão ser usados por organizações não-governamentais, sociedade civil e
órgãos públicos de cidades, estados e do governo federal para melhorar a proteção às araucárias. Existem parentes da árvore
brasileira no Paraguai, Chile, Argentina e Nova Zelândia.
Em julho, a União Protetora do Ambiente Natural completou 35 anos de trabalho, consolidando-se como uma das entidades
ambientalistas mais antigas em atividade na América Latina. Em dezembro do ano passado, promoveu o 1º Simpósio
Brasileiro de Incineração, em Porto Alegre. O evento levou ao lançamento de um portal sobre os poluentes furanos e
dioxinas. Mais sobre a Upan em www.upan.org.br.
(Texto original publicado no Jornal Enfoques, da ProImagemRS, de
São Leopoldo/RS, disponível em
Ecoagência,
10/08/2006)