Seca na Europa deve elevar preço das emissões de carbono
emissões de co2
2006-08-11
A contínua fase seca em que a Europa se encontra, deve elevar o preço das emissões de carbono, levantando diferenças entre a opinião de analistas sobre a demanda e sobre o futuro preço das permissões, ou créditos de carbono, dentro do mercado de carbono Europeu.
O tempo quente e seco aumenta a quantidade das emissões de gases do efeito estufa (como o dióxido de carbono), por exemplo, ao divergir as usinas de geração de energia da utilização de fontes limpas, como nuclear e hídrica, para fontes sujas, como carvão e petróleo, além de aumentar a demanda por energia devido ao uso de ar condicionado.
Hoje, na Alemanha, a capacidade de geração nuclear está a todo vapor novamente, onde regras ambientais restringiram a utilização da água dos rios para o resfriamento das turbinas durante a onda de calor. Mas o tempo seco está predominando na Espanha e na Escandinávia.
“Houve uma seca muito forte em 2005, e as usinas energéticas da Espanha foram grandes compradores de permissões (créditos de carbono) no mercado Europeu, se este padrão continuar, o mesmo deve acontecer este ano,”disse o gerente de negociação de produtos ambientais da Shell, Garth Edward.
Normalmente, 12% da energia consumida na Espanha é proveniente de fontes hídricas, mas a falta de água força as usinas geradoras a voltar a utilizar carvão e óleo. Há cinco semanas seguidas a seca contínua tem causado baixas nas reservas de água, as quais já estão mais de 20% abaixo da média dos últimos 10 anos, apesar de estar 15% acima do nível alcançada na mesma época de 2005.
Os reservatórios de água da Noruega e da Suécia baixaram na semana passada, e ambos se encontram mais de 20% abaixo do nível normal para esta época do ano. A região nórdica obtém cerca da metade da sua energia atrás de fontes hídricas.
Nos anos anteriores, a seca tem aumentado as emissões de CO2 da Dinamarca em até 20 milhões de toneladas, mas agora este número deve ser menor devido ao custo das emissões, imposto pelo mercado de carbono europeu, disse o diretor de mercados ambientais do Fortis Bank, Seb Walhain.
O mercado da União Européia abrange as emissões de companhias que utilizam intensivamente energia, as quais devem comprar créditos de carbono se excederem o seu limite de emissões. Devido ao clima atual, Walhain estimou o déficit de créditos de carbono para a primeira fase do mercado (2005-2007) em 10 milhões de toneladas, podendo chegar a 110 milhões de toneladas.
Como a maioria dos analistas, a New Carbon Finance prevê um excedente de créditos para a fase 1, mas reduziu a sua estimativa, passando a ser de 17 milhões de toneladas a mais (equivalente a mais que o output anual de Luxemburgo), principalmente como resultado da seca e da onda de calor. “Acreditamos que o impacto das emissões de CO2 acima da média, como resultado da seca, será limitado,” disse Gerhard Mulder, analista da ABN AMRO. Os preços do carbono estão na média de €15-16.
(Por Fernanda B Muller, Carbono Brasil, 10/08/2006)
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