Projetos de redução da emissão de gases poluentes são destaques em seminário
2006-08-11
A apresentação de projetos de geração de eletricidade a partir de biomassa e aproveitamento de gás metano de aterros sanitários marcaram o seminário "Desenvolvimento Sustentável e as Oportunidades para Crédito de Carbono no Brasil", ocorrido ontem (10/08), na PUCRS. O evento, promovido pela Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham), reuniu cerca de 60 pessoas.
Mariângela Souto, gerente da filial estadual da Câmara de Comércio Britânica (Britcham), disse que a vontade de promover um debate sobre a questão dos créditos de carbono é antiga. "A idéia de discutir créditos de carbono veio dos nossos sócios, que queriam trocar informações e esclarecer o tema para comunidade trazendo profissionais renomados para palestras", comenta. Embora a gerente tenha confessado que a organização do evento esperava um número maior de presentes, declarou estar satisfeita com os resultados atingidos pelo seminário.
Case Irani
O biólogo e mestre em Planejamento Enérgetico e Ambiental, Pablo Fernandez, da empresa EcoSecurites Brasil, falou sobre a usina de cogeração de energia elétrica que a gaúcha Celulose Irani S/A inaugurou em 2005 no município de Vargem Bonita, em Santa Catarina. A Irani produz 120 mil toneladas de resíduos orgânicos – biomassa proveniente da fabricação de celulose e das serrarias – por ano.
Através da queima desta biomassa, que até então era depositada na natureza, a usina gera energia (9.43 MW de potência) e reduz a emissão de gás metano na atmosfera. "Em um ano e meio de projeto, acumulamos 179 mil em créditos de carbono, que serão obtidos nos próximos dias", comemora.
Segundo dados divulgados pelo site da empresa, a cogeração é um sistema altamente eficaz de geração de calor e energia elétrica a partir de uma única fonte de combustão. Com a queima dos resíduos, gera-se vapor para a produção de celulose e papel e, ao mesmo tempo, faz-se o abastecimento de energia elétrica da indústria.
Projeto Lara
O aterro da Lara, situado no município de Mauá, zona metropolitana de São Paulo, opera desde 1987. Recebeu, até hoje, mais de seis milhões de toneladas de resíduos. Estão previstas outras 4,8 milhões de toneladas até a desativação total do depósito, prevista para o ano de 2014.
Desde 2004, a Arquipélago Engenharia Ambiental vem implementando um projeto para captação, queima e aproveitamento de gás metano do aterro. Por enquanto não há produção de energia envolvida, apenas o combate da emissão do gás. O gás de aterro contém aproximadamente 50% de metano (CH4).
Ralf Lattouf, diretor da empresa, falou sobre o case no seminário. "O projeto está implementado. Estamos agora iniciando o monitoramento. Somente depois deste período vem a conversão em créditos. Nos próximos 20 anos, prevemos a redução de 593 mil toneladas de emissão de metano", relata.
(Por Ana Luiza Leal Vieira, 11/08/2006)