Madeireiras derrubam floresta de pesquisa no Arquipélago do Marajó
2006-08-11
A floresta nacional de Caxiuanã, no arquipélago do Marajó, norte do Pará, onde 10% de seus 330 mil hectares da área são destinados a pesquisas científicas do Museu Paraense Emílio Goeldi, está sendo devastada por madeireiras ilegais. A operação Surucucu, realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com apoio do Batalhão de Policiamento Ambiental da Polícia Militar paraense, durante quinze dias, flagrou mais de cem pessoas derrubando a floresta, apreendeu trinta mil metros cúbicos de madeira serrada, 1,4 mil metros de madeira em toras, motosserras, tratores, combustível e armas.
Foi lavrada uma multa de R$ 142 mil contra as empresas. Os proprietários serão processados por crime contra o meio ambiente, derrubada sem autorização e transporte ilegal de madeira. Para entrar na floresta, os empregados das madeireiras construíram 25 quilômetros de estradas dentro da reserva localizada entre os municípios de Porto de Moz, Senador José Porfírio e Portel.
O gerente executivo do Ibama no Pará, Marcílio Monteiro, disse que os fiscais identificaram os responsáveis pela extração ilegal de madeira. O maior deles foi localizado pelo Ibama às margens do Rio Maruá, afluente do Xingu, na área de desmatamento. No local, quinze homens estavam efetuando corte de árvores. Ao chegar ao acampamento, os fiscais encontraram armas de fogo e munição, além do documento que identifica as toras extraídas (romaneio).
O responsável pelo desmatamento na área é o madeireiro Camões Gonçalves Guimarães, residente em Porto de Moz, que identificou as toras com os nomes dos compradores da madeira Ivair Pontes e Rivaldo Campos. A Polícia reconheceu Guimarães como o maior devastador da floresta de Caxiuanã.
Antes de aparecer na região, ele atuava na Terra do Meio dentro da reserva extrativista Verde para Sempre, em Porto de Moz. Seus parceiros no desmatamento também eram Pontes e Campos. O madeireiro nega as acusações, dizendo que nunca invadiu o derrubou madeira em área pública.
O Ibama afirma que a madeira é vendida para os mercados do nordeste e sudeste do país.
O Ibama localizou ainda duas outras estradas, uma na Vila Tapará, com 10 quilômetros de extensão, que dá acesso a Caxiuanã. Os fiscais encontraram 20 toras abandonadas. No Rio Majarí, ao lado de uma escola pública, foram encontradas 515 toras de madeira de várias espécies e um caminhão.
(Diário do Pará, 10/08/2006)
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