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2006-08-11
Uma pesquisa realizada pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) está conseguindo diminuir o impacto ambiental da extração da bauxita - principal minério usado na produção do alumínio - e aumentar a produtividade das jazida de Itamarati de Minas (MG), pertencente à Companhia Brasileira de Alumínio, CBA, do Grupo Votorantim. Esta mina faz parte do complexo de reservas situado no sudeste de Minas Gerais, num cinturão que se estende de São João Nepomuceno até Mahumirim, e é a maior reserva entre as que são exploradas no País.

O Brasil possui a terceira maior reserva de bauxita do mundo, é o quinto maior produtor de alumina e o sexto em alumínio primário. Só em 2005, foram produzidas no País 1.498,5 toneladas de alumínio primário. Estima-se que para cada tonelada de minério beneficiado seja produzida meia de bauxita lavada (adequada para o uso industrial) e meia tonelada de rejeitos. Estes rejeitos precisam ser dispostos em barragens, geralmente ocupam áreas próprias para a agricultura e, muitas vezes, afetam a qualidade da água do rio próximo à usina de beneficiamento. "Em Itamarati de Minas conseguimos diminuir em cerca de 60% a quantidade de rejeitos, transformando-os em subprodutos para a indústria da construção civil e para a fabricação de cimento portland", afirma o coordenador da pesquisa, o professor Arthur Pinto Chaves, do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da Poli.

Ele explica que o processo de beneficiamento foi aprimorado de modo a aproveitar outros minerais presentes na bauxita. Hoje, Itamarati de Minas, além de bauxita lavada, produz um concentrado de minerais pesados, feito de ferro e de titânio, que é aproveitado pelas fábricas de cimento do Grupo Votorantim. Boa parte dos rejeitos também está sendo transformada em areia, que passou a ser usada em construções, aterros ou na manutenção das estradas da própria jazida. "Atualmente, Itamarati de Minas só gera lama como rejeito, mas já estamos realizando estudos para viabilizar sua utilização na fabricação de telhas e tijolos extrudados", conta.

Impacto econômico
O aumento da produtividade foi outro resultado obtido com a pesquisa. Atuando na região desde 1993, Chaves conseguiu que a recuperação de massa (quantidade de concentrado extraído no beneficiamento da bauxita) subisse de 43,5% para 57%. Ou seja: enquanto se obtinham 435 kg de bauxita lavada por tonelada de minério, hoje consegue-se obter 165 kg a mais. "Não se trata apenas de aumentar a lucratividade do empreendimento, mas também e principalmente de preservar o minério contido na jazida para as próximas gerações", ressalta.

A preocupação se justifica. A bauxita é o minério mais importante para a produção de alumínio, contendo de 35% a 55% de óxido de alumínio, o que significa que há minas com maior ou menor potencial de produção. As jazidas com maior potencial já são exploradas e, em alguns casos, estão entrando em declínio de produção. "Muitos países, como a Austrália e o Suriname, já começaram a explorar minas com menor teor, o que exigirá cada vez mais o aperfeiçoamento do processo de beneficiamento". Além disso, a procura por alumínio tende a crescer devido ao aumento do preço do aço e da demanda da China, o que requer inovações constantes para otimizar a extração do minério.
(Envolverde, 10/08/2006)
http://www.envolverde.com.br/

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