Uerj usa alga marinha para conseguir armazenar resíduos de metais pesados
2006-08-11
Pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) descobriram, na costa brasileira, uma maneira mais econômica e mais simples de armazenar resíduos de metais pesados, sejam eles radioativos ou não. O achado é o sargaço, uma alga marinha muito comum no País, especialmente na região Nordeste.
A facilidade de acesso é um diferencial importante, já que o único material capaz de realizar procedimento semelhante é importado. Em contato com metais pesados em meio líquido, o sargaço atrai os elementos químicos, repetindo um processo similar ao que ocorre com a resina de troca iônica, 100% importada. A planta pode ser reutilizada, mas, para isso, é preciso lavá-la com um ácido, produzindo um nova quantidade de solução contaminada, mas em quantidade bem inferior ao efluente original.
Se o efluente contém material radioativo, a planta também pode ser reutilizada, mas depois deve ser queimada a 500 graus centígrados. As cinzas produzidas precisam ser armazenadas. Porém, mais uma vez, a quantidade do resíduo é bem menor do que no início do processo. Já os metais pesados não radioativos podem ser lavados e reciclados.
Segundo o engenheiro químico Antônio Carlos Augusto da Costa, a resina de troca iônica usada atualmente custa entre US$ 50 e US$ 600 o quilo. O sargaço é gratuito - considerando o trabalho de coleta, o quilo não passa de R$ 2. "A biomassa é tão barata que não vale a pena lavar. É melhor queimar logo", diz, acrescentando que o sargaço tem mesmo que ser retirado da praia, pois, em contato com a luz do sol, exala mau cheiro.
A patente de uma unidade móvel para tratamento dos efluentes com sargaço já foi depositada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
(Por Karine Rodrigues, O Estado de S. Paulo, 10/08/2006)
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