O projeto de implantação da fábrica de celulose branqueada da Votorantim Celulose e Papel (VCP) na região, mais do que o investimento previsto de 1,3 milhão de dólares, vai gerar cerca de 3,4 mil empregos diretos e indiretos na primeira fase e mexer com o setor de transportes. Lideranças do setor saíram animadas da apresentação do Projeto Losango no Sest-Senat na terça-feira (08/08) à noite em Pelotas, pois a unidade de produção exigirá uma frota de 300 caminhões para transportar a madeira e celulose por 24 horas, nos sete dias da semana, e 900 motoristas.

Os veículos deverão percorrer, em média, 140 quilômetros/dia, impactando ainda o segmento de serviços, como postos de combustíveis, manutenção, auto-peças, entre outros. Os dados surpreenderam as lideranças, que saíram da reunião convictas de que precisam se mobilizar desde agora para atender à demanda da fábrica da VCP, que iniciará as atividades entre o final de 2008 e início de 2009. Além dos veículos de carga, o empreendimento prevê a contratação de terceiros para o transporte dos quase 700 funcionários na primeira fase. A estimativa da empresa é de movimentar R$ 80 milhões por ano somente com o frete de madeira.

O presidente do Sindicato dos Transportadores de Carga do Extremo Sul, Édson Garcia, considera que o Projeto Losango vai trazer uma mudança na mentalidade e postura: “É uma forma das pessoas pensarem em outras possibilidades de renda e de fazer com que saiam do ostracismo”. Roger Lange, do Senat, destaca que o empresariado vai ter que confiar, decidir, investir e começar a se preparar desde já para atender. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários, Colmar Rodrigues, frisou que a categoria tem grande interesse em se qualificar para atender às exigências da empresa.

Estrutura local
O proprietário da Almirante Transporte, Flávio Luís Heinemann, questiona se o setor terá capacidade para atender à demanda. “Hoje, dentro de Pelotas, não tem nenhuma empresa com 30 caminhões; se não tiver união do pessoal daqui, não vamos conseguir atender”, disse, ao acrescentar que, de qualquer forma, ficou empolgado com a idéia.

Corede-Sul
Ontem (09/08), foi a vez do gerente geral do Losango, Carlos Monteiro, e do consultor José Carlos Kling, apresentarem o projeto a lideranças dos municípios da Zona Sul, numa iniciativa do Corede-Sul. Não menos entusiasmados que os transportadores, os representantes das cidades que disputam a nova fábrica (que terá de 400 a 500 hectares) - Pelotas, Arroio Grande, Pedro Osório, Capão do do Leão e Cerrito, lotaram o auditório da Associação Comercial de Pelotas para acompanhar as informações da VCP.

A capacidade produtiva da unidade será de um milhão de toneladas/ano de celulose, a ser exportada para Europa, Ásia e Estados Unidos, com escoamento pelo Porto de Rio Grande. O Projeto Losango vai gerar 5% da receita de exportação do Rio Grande do Sul, que representa 8,8% da de todo o país.
(Por Tânia Cabistany, Diário Popular, 10/08/2006)
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