Projeto inicia estudos que devem contribuir para criar unidades de conservação ao longo da rodovia BR-319
2006-08-10
Cerca de 40 pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) estiveram reunidos ontem (9/8) em Manaus na oficina de trabalho do projeto Geoma, criado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia para estudar os modelos matemáticos de comportamento da natureza na Amazônia. Até sexta-feira, eles irão definir a metodologia de um estudo da biodiversidade na região entre os rios Madeira e Purus – uma ação que vai contribuir para a proposta final de criação de áreas protegidas ao longo da rodovia BR-319, entre Manaus – Porto Velho.
A região pesquisada, entre os rios Madeira e Purus, ocupa a parte norte dos 15,4 milhões de hectares no sul do Amazonas que até o início deste mês estavam sob limitação administrativa provisória. Desde janeiro, um decreto presidencial proibia o corte raso de floresta e novas atividades econômicas no entorno da BR-319, rodovia que está sendo recuperada.
O objetivo da proibição era justamente fazer estudos sobre a necessidade de se estabelecer novas unidades de conservação nesse território. No mês passado, o governo federal realizou seis consultas públicas na região, para apresentar a proposta de criar lá 9,4 milhões de áreas protegidas. Na consulta realizada em Manaus, no último dia 26, o subchefe de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais da Casa Civil da Presidência da República, Johaness Eck, declarou que o plano final de destinação dessas terras públicas só deverá ser divulgada no fim do ano.
O pesquisador do Inpa e coordenador do subprojeto “Modelagem da Diversidade do Interflúvio Madeira-Purus: Bens Naturais e Impactos Antrópicos”, Mário Cohn-Haft, contou à Radiobrás que os resultados esperados do estudo são: um mapa de paisagens e de endemismo (existência de espécie animal ou vegetal exclusiva daquela área); um modelo para previsão dos impactos ambientais das obras planejadas para a região (especialmente o asfaltamento da BR-319) e propostas de cenários de conservação.
“O projeto Geoma foi idealizado em 2001 (seu decreto de criação foi assinado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em 2004), mas este é o primeiro ano que ele tem um financiamento razoável”, declarou a pesquisadora do MPEG, Ana Albernaz. Ela é responsável pelos estudos de biodiversidade dentro do projeto - área na qual o subprojeto do Madeira-Purus está inserido.
“Neste semestre nosso componente de biodiversidade tem R$ 300 mil. Desses, R$ 200 mil são destinados às pesquisas no interflúvio Madeira-Purus (que precisam ser concluídas até o fim do ano)”, revelou Albernaz. “Este é o primeiro estudo de caso que faremos para obter dados primários. Eles serão utilizados na elaboração de modelos para entender como as espécies animais e vegetais estão distribuídas na Amazônia e quais os fatores que mais afetam sua presença em uma determinada área”.
(Por Thaís Brianezi, Agência Brasil, 09/08/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/08/09/materia.2006-08-09.1457780406