Empresários iranianos estão interessados em construir uma nova fábrica de celulose no Uruguai, confirmou ontem (09/08) o governador da Província de Cerro Largo, na fronteira com o Brasil, Ambrosio Barreiro. Barreiro, em declarações à imprensa local, explicou que uma delegação iraniana integrada por dois empresários e pelo embaixador em Montevidéu, Mamad Faraji, visitou na sexta-feira passada (04/08) a cidade de Melo, 387 quilômetros ao nordeste da capital uruguaia.

No momento, duas fábricas de celulose (uma da empresa espanhola Ence e outra da finlandesa Botnia) estão sendo construídas em Fray Bentos, a 309 quilômetros de Montevidéu, às margens do rio Uruguai. Estes dois projetos geraram um conflito diplomático entre o Uruguai e a Argentina diante da possibilidade de as fábricas causarem um impacto ambiental na região.

Os visitantes iranianos demonstraram interesse pela possibilidade de construir uma fábrica de pasta de celulose e outra uma para criação de esturjão e produção de caviar, esclareceu o governador de Cerro Largo. Barreiro disse que explicou a disponibilidade de Cerro Largo para esses projetos e destacou a qualidade das águas do rio Tacuarí e da Lagoa Merin, que o Uruguai compartilha com o Brasil.

"O concreto, concreto, é a criação de esturjões para produzir caviar", afirmou o governador à rádio El Espectador. Ainda assim, explicou que o fato de os contatos terem sido feitos com a presença do embaixador iraniano deixou "a impressão de que é uma coisa séria".

Além dos empreendimentos da Botnia e da Ence, a empresa sueco-finlandesa Stora Enso tem um projeto para construir outra fábrica de celulose no centro do Uruguai, às margens do rio Negro. O governador de Durazno, Carmelo Vidalín, informou à Ansa que a empresa já adquiriu 50 mil hectares de terras em seu distrito e em Tacuarembó para o empreendimento florestal que abastecerá a fábrica.

O Uruguai pode ser o principal produtor de caviar de criação no mundo, depois da ampliação, que começou em novembro de 2005, de uma fábrica de criação de esturjões em Rincón de Baygorria, 263 quilômetros ao norte de Montevidéu.

Os tanques cobertos, instalados por uma empresa uruguaia no lago do rio Negro formado pela represa de Rincón de Baygorria, permitirão a produção de cerca de 15 toneladas anuais de caviar, que serão comercializadas principalmente na Europa e nos Estados Unidos.
(Ansa, 09/08/2006)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u110059.shtml