O alumínio encontrado nas tradicionais embalagens plásticas que envolvem bombons, balas e outros alimentos pode estar com os dias contados.
A Motech, uma pequena transformadora de resinas termoplásticas do interior de São Paulo, está desenvolvendo um novo filme plástico, que poderá eliminar de vez o uso da folha de alumínio, barateando os custos de embalagens para alimentos.
As fabricantes de filmes flexíveis sempre encontraram dificuldades para deixar o plástico torcido. Uma das soluções é o uso do papel alumínio que permite moldar o plástico, além de criar um isolamento térmico.
A Motech disse que o resultado preliminar utilizando polietileno - uma resina termoplástica - misturado à aditivos especiais permitem a torção do plástico. Isolam também o produto a fontes de calor e umidade, tal qual o alumínio.
"A grande vantagem é a redução dos custos em 35% sem a utilização da folha de alumínio", diz o principal dirigente da Motech, Márcio Viviani. A embalagem vem sendo testada em máquinas importadas da Alemanha, e a idéia é lançar conjuntamente com o cliente - mantido em sigilo - até o fim deste ano.
A Motech está tentando abocanhar um pequeno naco do crescente mercado de filmes plásticos. Trata-se de um segmento que cresce mais de 10% ao ano, segundo estimativas do mercado, com a expansão do uso de embalagens que revestem alimentos, produtos de higiene e limpeza, entre outros.
A Motech busca nichos específicos deste mercado. Sua tentativa é encontrar meios para economizar o consumo de resinas diante da alta dos derivados de petróleo e fazer filmes cada vez mais finos. "Antigamente, um carro circulava cinco a sete quilômetros por litro, mas o desenvolvimento tecnológico levou os carros a andarem 12 a 13 quilômetros. Nos plásticos, é a mesma coisa. Estamos fazendo mais com menos quilo de resinas termoplásticas", compara Viviani.
Diante deste desafio, a empresa importou novas máquinas da Alemanha, num investimento de 3 milhões de euros. Com isso, a fábrica, situada em Cabreúva (SP), chegará a uma capacidade de cerca de 300 toneladas por ano. A empresa está procurando também produzir filmes plásticos capazes de degradar mais rapidamente na natureza. Criada em 2003 pelos empresários Jacques Siekierski e Otávio Pontes, a Motech prevê faturar R$ 15 milhões neste ano, com meta de elevar sua receita em 50% no próximo ano.
As empresas Polo Films, do grupo Unigel, e a Vitopel, que comprou a Votocel, do grupo Votorantim em 2005, são hoje donas da maior capacidade de produção deste tipo de filmes flexíveis no país.
(Por André Vieira,
Valor Econômico, 09/08/2006)