Floresta começa a produzir energia a partir dos óleos de ouricuri e buriti
2006-08-09
A população da floresta vai começar a gerar a energia que necessita para se desenvolver sustentavelmente, gerando renda e emprego para os que nela vivem. De uma só vez, cinco comunidades da localidade de Nova Cintra, na região do rio Juruá, município de Cruzeiro do Sul (AC), a 540 km de Rio Branco, vão se beneficiar de um projeto piloto de geração de renda com auto-produção de energia a partir do biocombustível tirado dos óleos de ouricuri e do buriti.
A sede do projeto se situa às margens do rio Juruá numa área de um hectare doada pelo Incra, onde será montada toda a infra-estrutura para a instalação dos equipamentos das unidades de secagem, de extração de óleo vegetal e de produção de biocombustível. As obras civis deverão ser concluídas até o final de setembro, quando começarão a ser instalados os equipamentos da unidade de extração.
O projeto-piloto é parte do convênio para desenvolver tecnologias de produção de biocombustível firmado no início de 2005 entre a Eletronorte, o Governo do Acre, a Fundação de Tecnologia do Estado do Acre (Funtac), a Universidade Federal do Acre (Ufac) e a Eletroacre. A matéria-prima será extraída do coco das palmeiras de murmuru, ouricuri e buriti. O óleo do murumuru extraído vai se destinar à indústria de cosméticos e os óleos de ouricuri e buriti à produção de energia.
As cinco comunidades de Nova Cintra que serão beneficiadas pelo projeto-piloto foram escolhidas por seu histórico de produção extrativista e por estarem próximos ao rio Juruá, o que facilita a coleta de matéria-prima. Na região, o coco do murumuru já é colhido e vendido para a produção de sabonetes. Com o processamento, o óleo passará a ser produzido na própria comunidade, gerando mais renda para as famílias envolvidas.
Segundo a Eletronorte, até o final do ano, será montada a unidade de craqueamento de óleo vegetal que produzirá o combustível para os geradores que serão instalados nas cinco comunidades no início do próximo ano. Estes geradores serão testados em São Paulo a partir de agosto com supervisão do Instituto Nacional de Tecnologia (INC).
Administrado por uma cooperativa de produtores, projeto-piloto contará com a produção de fornecedores cadastrados, que vão dispor de barcos disponibilizados pela Secretaria de Produção Familiar para a coleta e transporte de matéria-prima até a unidade de produção.
Segundo o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), outros três projetos de autoprodução de energia já estão em funcionamento na Amazônia. Um é o projeto de turbina de correnteza no Amapá, fruto de uma parceria entre a Universidade de Brasília (UnB) e o Conselho Nacional dos Seringueiros. O segundo é o de um gerador de biomassa movido com óleo de andiroba, na reserva do Médio Juruá em Carauari (AM). E o terceiro trata-se de uma micro central hidrelétrica em Santarém (PA).
Conforme informou o GTA, entidades como FAOR, FASE, CUT, a Rede GTA e outras discutem no momento o marco regulatório para pequenos produtores de energia, que não podem ser confundidas com médias centrais chamadas erroneamente de PCHs, ainda com falhas nos critérios de validação.
(KaxiANA, 08/08/2006)
http://www.kaxi.com.br/noticias.php?id=233