Mato Grosso tem 157 focos de incêndio em áreas indígenas
2006-08-09
As reservas indígenas estão entre os principais responsáveis pelos focos de calor registrados em Mato Grosso. Dados do
satélite NOAA-12 do Inpe mostram que desde o início do período proibitivo de queimadas, em 15 de julho passado, até 6 de
agosto deste ano, 157 focos (8% do total) ocorreram em áreas indígenas.
Entre as terras que mais queimaram estão o Parque do Xingu (45 focos), Paresi (31) e Capoto/Jarina (27). No total, já são
1.962 focos de calor registrados durante a proibição, que vai até 15 de setembro, em todo o Estado.
Desde o início do ano até o começo deste mês, somente as reservas foram responsáveis por 294 focos surgidos no Estado,
o que corresponde a 5,28% de um total de 5.562. A situação preocupa as autoridades públicas ligadas ao meio ambiente.
Por serem áreas de responsabilidade federal, ainda ontem o superintendente da Defesa Civil em Mato Grosso, coronel Arilton
Azevedo, encaminhou ofício à Fundação Nacional do Índio (Funai) expondo o problema e colocando o órgão à disposição
para apresentar dicas e técnicas de controle e uso racional do fogo. A intenção é que o órgão federal faça um trabalho de
conscientização junto aos índios, no sentido de evitar as queimadas neste período do ano em que o uso do fogo está proibido,
inclusive, em reservas indígenas.
Conforme coronel Arilton, tradicionalmente as comunidades indígenas utilizam fogo para a caça de animais. Entretanto, além
de queimarem em período proibitivo, um agravante é que os índios não fazem acero para impedir a propagação do fogo.
“Os animais são cercados pelo fogo já que normalmente as reservas são cortadas por rios e ficam acuados e facilmente
capturados pelos índios”, disse. “É importante que os índios aprendam técnicas alternativas para evitar o uso do fogo”,
acrescentou.
Muitas vezes, o fogo foge do controle e destrói áreas imensas da reserva como aconteceu na Reserva Indígena Tadarimana,
dos índios bororos, em Rondonópolis, no passado. O incêndio de grandes proporções queimou mais de 30% da área. “Foi
destacada uma força tarefa para o controle do fogo no local”, lembrou coronel Arilton.
A preocupação da Defesa Civil aumenta ainda devido a baixa umidade relativa do ar (URA). “Entre os dias 7 e 13 de agosto
enfrentaremos o período mais seco do ano. A umidade do ar deve variar entre 16% e 20%. Diante dessa situação critica é
preciso evitar as queimadas”.
A Defesa Civil enviou oficio à Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (SEEL) recomendando a não realização de
campeonatos enquanto a umidade estiver baixa. A exceção é a natação.
A Defesa Civil também manteve reuniões com representantes das Secretarias de Educação (Seduc) e Saúde (Ses). Arilton
informou que será feito um acompanhamento sobre o número de atendimentos nos postos de saúde, policlínicas e prontos
socorros. “Se os casos envolvendo doenças respiratórias aumentarem, medidas deverão ser tomadas”, enfatizou.
(Por
Joanice de Deus, Diário de Cuiabá, 08/08/2006)
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