Utilizando a sinergia existente entre as empresas do grupo paranaense J. Malucelli, um conglomerado formado por mais de
20 empresas com atuação na construção pesada, setor financeiro, energia, esporte, turismo, comunicação, seguros e
agropecuária, e do qual faz parte a J. Malucelli Energia S.A. colocou em operação, no final de julho último, a sua primeira
usina hidrelétrica, construída no estado de Goiás. O fato da estrutura de concreto da hidrelétrica ter ficado sob
responsabilidade da construtora e o seguro garantia também por outra empresa do mesmo grupo, contribuiu para a redução
de aproximadamente 10% nos custos totais das obras.
A Usina Hidroelétrica de Espora está localizada no rio Corrente (GO), e tem uma potência instalada de 32 megawatts (MW).
Nela foram investidos cerca de R$ 150 milhões e resultou na criação da concessionária de energia Espora Energética S.A.,
onde a J. Malucelli Energia S.A. tem 43,7% de participação, ficando encarregada de toda a operação comercial do
empreendimento."O nosso desejo é que o setor de energia em pouco tempo represente entre 20% a 30% do faturamento do
grupo que, em 2006, deverá ser de R$ 1 bilhão. Para 2007 já projetamos um crescimento para R$ 1 bilhão e 200 milhões",
explica o diretor presidente do grupo e seu fundador, Joel Malucelli.
O grupo J. Malucelli atua no setor desde 1991 e já participou da construção e opera duas usinas termoelétricas: a
Parnamerim Energia, instalada em Natal, no Rio Grande do Norte, com capacidade de geração de 93 megawatts de energia
e a Pie-RP, de Ribeirão Preto, na região norte do estado de São Paulo, com capacidade para 26 megawatts. Em cada uma
das duas usinas a J. Malucelli tem uma participação acionária de 25%.
"Nosso projeto é ter uma capacidade de geração em torno de 250 megawatts nos próximos oito anos. O investimento será
próximo de R$ 500 milhões, dos quais 40% oriundos de capital próprio e 60% vindos Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES)", explica o diretor presidente do grupo. Segundo o empresário, "este é um dos mercados mais
promissores e seguros do País porque se o Brasil continuar crescendo a uma taxa de 4% ao ano haverá falta de energia
dentro de um horizonte de três anos no máximo", prevê Joel.
Com patrimônio líquido consolidado superior a US$ 100 milhões, o grupo Malucelli está relacionado entre os 200 maiores do
País, segundo dados do Balanço Anual, editado pela Gazeta Mercantil e ocupa a segunda posição no estado do Paraná no
ramo da construção pesada e a 12ª, no ranking nacional neste setor.
No próximo ano, o grupo pretende iniciar as obras do que pode ser considerado seu projeto mais ambicioso: a Usina Olho
D’Água, de 33 megawatts, no mesmo rio Corrente, em Goiás, com previsão de investimentos da ordem de R$ 140 milhões,
e do qual terá 100% do controle. Para que projeto comece a deslanchar, está faltando apenas a liberação da licença
ambiental.
Interesse estrangeiro
"Nós temos recebido a visita de muitos investidores europeus interessados em participar desses projetos, mas achamos que
ainda é cedo para abrirmos esse negócio para novas participações. Vamos primeiro consolidar o que temos planejado",
explica Joel Malucelli.
A empresa de energia possui 15 projetos em avaliação na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) classificados como
PCHs -- Pequenas Centrais Hidrelétricas -- no Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso e que podem gerar, no
conjunto, no futuro, em torno de 300 megawtts. Para a empresa, investir no setor de energia é interessante porque, além da
sinergia com outras empresas do grupo, os custos financeiros e operacionais de construção das usinas vêm possibilitando
auferir uma margem de lucratividade de 18% a 24% ao ano já que a maior parte dos recursos vem de linhas de financiamento
do BNDES, onde o custo é de 6% a 9% mais a variação da Taxas de Juros de Longo Prazo (TJLP).
(Por Norberto
Staviski,
Gazeta Mercantil , 08/08/2006)