ONGs têm restrições ao licenciamento municipal
2006-08-08
Cíntia Barenho, bióloga, e Antonio Soler, advogado ambientalista,
integrantes do Centro de Estudos Ambientais (CEA), de Pelotas, acreditam que
os pequenos municípios próximos à aglomeração urbana Pelotas-Rio Grande,
desenvolvem o licenciamento de forma não transparente e tecnicamente
precária.
A ONG afirma que os mecanismos de participação na gestão ambiental e a
democracia direta são constantemente atingidos pelos órgãos licenciadores,
sendo o controle das ilegalidades ambientais inexistente, ou precário.
“O Consema e o Conselho Ambiental de Pelotas não acompanham na medida certa
as conseqüências administrativas/legais ambientais do processo de
habilitação dos municípios para o licenciamento - avaliando por atacado. Não
raro, os avaliadores do empreendimento são, política e/ou financeiramente,
dependentes indiretos, ou diretos, do empreendedor”, polemiza.
Já Kathia Vasconcellos, vice-presidente do Núcleo Amigos da Terra
(NAT)/Brasil, julga ser o maior problema do licenciamento a falta de relatos
qualitativos do que está acontecendo nos municípios do interior. “O Consema
parece só estar preocupado com os dados quantitativos, que são insuficientes
para avaliar a situação. Não há transparência na diretoria, que faz de conta
que tem braço forte na questão. E só é possível qualificar o licenciamento
com um Consema forte”.
A vice-presidente do NAT/Brasil acredita, contudo, que a municipalização da
gestão ambiental é a melhor solução para o impasse. “É um desafio -
especialmente para os pequenos, onde praticamente inexiste a presença de
ONGs -, mas é necessário. Se Porto Alegre, que tem uma secretaria de Meio
Ambiente desde 1975, comete erros básicos no licenciamento, o que pode se
esperar dos outros municípios?”, argumenta.
Para os representantes do CEA, o que deve ser mudado, num primeiro momento,
é observância da lei ambiental pelo empreendedor e pelo órgão licenciador.
“Além da melhora nos dispositivos legais, a ONG defende um maior
acompanhamento da gestão de meio ambiente pela comunidade:“o acesso efetivo
à informação ambiental ainda é um direito vazio da população”.
Por Ana Luiza Vieira, 07/08/2006