Ações voltadas à preservação do Aqüífero Guarani, o maior reservatório de água doce do mundo, foram debatidas ontem (7/8) em Florianópolis por especialistas da área, em mesa-redonda realizada no auditório da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc). O Aqüífero Guarani ocupa aproximadamente 1 milhão e 200 mil quilômetros quadrados no subsolo de quatro países, incluindo o Brasil. Destes, 1 milhão se encontram abaixo da Serra Geral, que atualmente abastece boa parte da região sul do Brasil.
O professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Luiz Fernando Scheibe apresentou as ações que visam preservar o Aqüífero da Serra Geral que, se contaminado, pode transmitir para o Aqüífero Guarani a poluição. O Projeto, coordenado pela Fundação José Boiteaux - que conta com a participação de entidades de ensino, pesquisa e extensão -, visa justamente identificar as áreas onde as rochas porosas, que armazenam a água do Guarani, se aproximam da superfície e onde há relações entre os dois aqüíferos, tornando o Guarani mais vulnerável à contaminação.
Além desse levantamento de dados, também foram feitas a análise da qualidade da água dos aqüíferos e o estudo de políticas públicas a serem propostas para preservar a reserva de água subterrânea dos três estados do sul. O projeto está tramitando junto à Agência Nacional de Águas.
Ações voltadas à Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai, que também está sobre o Guarani, foram apresentadas pelo Secretário Executivo do Programa Pró-Rio Uruguai - Aqüífero Guarani, João Manoel Bicca. Os secretários do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e gestores ambientais irão elaborar um Plano de Trabalho para habilitar os dois estados a receberem a doação de U$ 1,2 milhão do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) destinados ao Programa. Foram discutidos hoje, ainda, o trabalho de articulação com os outros estados que possuem projetos sobre o aqüífero para o desenvolvimento de um trabalho conjunto.
A exploração das águas do Aqüífero Guarani é complexa, pois envolve a construção de poços profundos, que são caros. De acordo com Scheibe, em Santa Catarina já haviam sido perfurados, até 2002, cerca de 2.700 poços no Aqüífero Serra Geral e somente 17 no Guarani. O principal uso do Guarani no estado é em fontes termais e em pequena escala na indústria.
(Por Estephani Zavarize,
Diário Catarinense, 08/08/2006)