Legislativo gaúcho conhece experiência paranaense com biodiesel
2006-08-08
A experiência que o Paraná desenvolve desde 2003 na produção de biodiesel dominou o Seminário sobre Bioenergia promovido ontem (07/08) pela comissão que debate o assunto no Legislativo gaúcho, presidida pelo deputado Giovani Cherini (PDT). Convênio com a Volkswagen colocou nas ruas de Curitiba um veículo que há três anos circula com 20% de biodiesel e 20% de óleos vegetais, registrando desempenho de 12,3 km por litro na cidade e 15 km por litro na estrada, com o motor em pleno funcionamento, resultado do investimento estadual em bioenergia.
O relato do investimento paranaense foi feito pelo diretor da Divisão de Biocombustível da Tecpar, Bill Costa, órgão vinculado à Secretaria de Ciência e Tecnologia do Paraná e ao Centro Brasileiro de Referência em Biocombustível, do Ministério de Ciência e Tecnologia. Com duas unidades para o setor de biocombustível, a Tecpar atua na tecnologia de produção do biodiesel, no estudo das aplicações do biodiesel em motores e no controle de qualidade do biodiesel e óleos vegetais. Com investimento inicial de R$ 1,5 milhão em 2005, a Tecpar trabalha numa unidade piloto que vai entrar em funcionamento em setembro, dentro do Programa Paranaense de Bioenergia, com o propósito de servir de modelo para unidades aos pequenos produtores rurais. Há duas décadas atuando em projetos alternativos, como o proálcool e biogás, a Tecpar desenvolveu em 1998, em Curitiba, projeto que utilizou o biodiesel nos ônibus misturado ao diesel comum durante três meses, com resultados positivos e a redução da emissão de poluentes.
A tecnologia de produção de biodiesel entra em funcionamento em 60 dias, adiantou Bill Costa, que aposta na planta paranaense para a produção de qualquer óleo ou matéria-prima, podendo servir de modelo para plantas em pequena escala. Num primeiro momento, o biodiesel não será comercializado, devendo ser utilizado para testes e para estimular o uso pelos produtores rurais. O governo do Paraná pretende disponibilizar as unidades em diversos municípios. Também faz parte do programa as Miniusinas Comunitárias de óleos vegetais, para que os agricultores utilizem o óleo vegetal como combustível.
O engenheiro agrônomo Richardson de Souza, da Secretaria da Agricultura do Paraná, evidenciou a disposição do governo em levar ao produtor rural esta alternativa como agregador de renda, fazendo com que a propriedade rural, além de alimentos, também seja uma geradora de energia e capaz de produzir seu próprio combustível. O estado investiu R$ 3,5 milhões em pesquisa em 2005.
Segundo produtor nacional de soja, o Paraná produz 9.370.000 toneladas anuais e 1,7 bilhões de litros de óleo de soja. Para o biodiesel, utilizaria 4,7% da produção de soja. O Estado consome 4 bilhões de litros anuais de óleo diesel, 10% do consumo nacional. O biodiesel exigiria 80 milhões de litros. A iniciativa do Paraná está apoiada no Programa Nacional de Biodiesel, do governo federal.
A experiência desenvolvida pela Associação Educacional Brasil-Alemanha, AEBA, também foi apresentada na Seminário por Aislan Theisen, que mostrou projeto pioneiro em Içara, Santa Catarina, do esgoto cloacal utilizado como biogás na lavoura.
A Sala Alberto Pasqualini, no Palácio Farroupilha, lotou para a exposição dos paranaenses. Sérgio Luiz Crestani, da AGPTEA, o engenheiro Paulo Gehlein, do Banco Central, a professora Janice da Silva, da Unisinos, Nído Antônio Barni, da Fepagro, Aldo Apolinário, da prefeitura de Araranguá, o vice-presidente da Cientec, Paulo José Gallar, e os prefeitos de Marcelino Ramos e Canudos do Vale também participaram da palestra.
(Por Francis Maia, Assessoria do PDT, 07/08/2006)
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