A microbacia do rio Jacupiranguinha como unidade de estudo para a sustentabilidade dos recursos hídricos no Baixo Ribeira de Iguape (SP)
2006-08-08
Tipo de trabalho: Dissertação de Mestrado
Instituição: Escola de Engenharia de São Carlos da Univsersidade de São
Paulo (EESC/USP)
Ano: 2006
Autora: Juliana Moccellin
Contato: jumoc.biousp@lycos.com
Resumo:
Os recursos hídricos são considerados bem comum e, por isso, devem ser
geridos de forma integrada; garantindo, assim, aproveitamento otimizado
com mínimo de conflitos. O objetivo deste trabalho foi estudar o
comportamento de variáveis limnológicas na microbacia do rio
Jacupiranguinha (município de Cajati – SP, Baixo Ribeira de Iguape), em
quatro períodos hidrológicos distintos, com base nas teorias ecológicas
de ecossistemas fluviais. As coletas foram realizadas em janeiro
(verão), abril (outono), julho (inverno) e setembro (primavera) em onze
pontos, no eixo longitudinal do rio Jacupiranguinha, com alguns
abrangendo locais após lançamentos de efluentes de indústrias e esgoto
doméstico, um ponto no rio Guaraú e um ponto no rio Jacupiranga.
Levando-se em conta a sazonalidade a maior precipitação ocorreu em
janeiro (305 mm), como era esperado, seguida pelas de setembro (266 mm),
julho (119 mm) e abril (115 mm). Vazão e velocidade de escoamento
tiveram relação direta com a precipitação e a vazão aumentou de montante
à jusante, devido à contribuição de efluentes. A devastação da mata
ciliar ocasionou incidência uniforme de radiação solar em todo o eixo
longitudinal do rio Jacupiranguinha, além de facilitar a entrada de
sólidos suspensos para o rio, principalmente no período chuvoso.
Este
rio recebe efluentes domésticos e de uma indústria de fertilizantes, que
gera uma descontinuidade de fluxo de seus nutrientes da cabeceira à foz.
Altos valores de condutividade, e dos compostos de fósforo a partir da
entrada do efluente da indústria de fertilizantes indicam que ele muda
as características do rio nos pontos à jusante deste e, por isso, é
possível dividir o eixo longitudinal do rio Jacupiranguinha em duas
regiões. A análise do sedimento revelou maiores concentrações de
nitrogênio total no mês de setembro, provavelmente devido à entrada de
carga alóctone ocasionada pelas chuvas e maiores concentrações de
fósforo total foram obtidas no período seco. A comunidade bentônica
apresentou variação temporal, provavelmente, devido a fatores
hidráulicos, como vazão e velocidade de escoamento. O aumento da riqueza
e diversidade no período de chuvas, provavelmente ocorreram em função do
revolvimento do substrato que, neste período era composto por partículas
mais finas. A baixa riqueza e diversidade de espécies encontradas no rio
Jacupiranguinha nos demais períodos indica comprometimento da qualidade
da água neste sistema.