Coordenador do Programa Nacional de Meio Ambiente relaciona suinocultura com poluição dos rios
2006-08-07
O Coordenador do Programa Nacional do Meio Ambiente da SEMA (Secretaria Estadual do Meio Ambiente) do RS, Niro Afonso Pieter, disse que a poluição dos rios no noroeste do Estado está ligada à criação de suínos. Isso porque muitos criadores não estão devidamente adaptados para o manejo dos dejetos. A constatação foi feita em uma pesquisa em que foram visitadas, em 2004, as 1.357 propriedades que criam suínos no noroeste. A área é abrangida pela bacia Turvo-Santa Rosa-Santo-Cristo, onde há, em muitos pontos, captação de água para consumo.
De acordo com Pieter, as soluções adequadas e viáveis são as composteiras (resíduos sólidos) e as esterqueiras (líquidos). Elas são espécies de lagoas ou tanques de armazenamento em que os dejetos permanecem por cerca de 120 dias (o período para as composteiras pode chegar a seis meses) para que parte dos componentes nocivos para o solo seja desprendida. Após, podem ser usados como adubo. Porém, não são todos os tipos de culturas que absorvem os dejetos, eles não podem ser colocados em excesso e em solos inclinados não se pode depositá-los, pois chegam aos rios e os poluem. "Os dejetos podem contribuir, desde que haja boas práticas", projetou. Uma conseqüência dessa falta de adaptação é a de que 75% dessas propriedades não possuem licenciamento ambiental. "A situação é a do noroeste, mas reflete o que acontece em todo o Estado", afirmou.
Outra solução para os dejetos são os biodigestores. "Eles são melhores que as composteiras e esterqueiras, mas são caros", relatou. Somente as grandes propriedades conseguem implantar. A Sadia já usa biodigestores em larga escala. Com eles, pode-se até gerar energia, pois os dejetos produzem metano. Há alguns municípios que têm projetos de usinas termelétricas a base de biodigestores.
Além da pesquisa, foi feito treinamento em 410 propriedades, para conscientizar os criadores e dar informações técnicas de como se adequar e de como conseguir o licenciamento. Isso leva ao maior aproveitamento da criação e à melhoria da qualidade de vida dos criadores (para que não haja odores, doenças etc). “O RS se destaca nesse ramo e, com melhorias, pode tornar-se mais competitivo”, disse. A próxima etapa do trabalho é a identificação de quais culturas absorvem melhor os dejetos dos suínos. Até agora, o que se sabe é que, em culturas de plantas de alimentação direta (como hortifrutigranjeiros), não é aconselhável o depósito de dejetos.
(Câmera 2, 04/08/2006)
http://www.camera2.com.br/home.asp?inc=noticias&subinc=noticia_view&cod_noticia=64966