A saída para o biodiesel são os multióleos e não a soja. A opinião é de Romário Rossetto, presidente da cooperativa de biodiesel da região Norte do Rio Grande do Sul, a Cooperbio. A afirmação do agricultor contrapõe a nova onda do setor, caracterizada pelo emprego da semente da soja, tanto transgênica quanto convencional, na fabricação de energia alternativa.
Rossetto relata que a Cooperbio prioriza o uso de matérias-primas como a mamona, o pinhão-manso e o girassol. Além de serem naturais e os seus plantios não degradarem o meio ambiente, pois não são monoculturas e estão livres de agrotóxicos, eles fornecem mais óleo do que a soja. Do esmagamento da oleaginosa se obtém apenas 18% de óleo, enquanto que da mamona, por exemplo, se obtém mais de 50%.
Outro diferencial da Cooperbio apontado por Rossetto é que o projeto consiste em produzir energia e alimento, fazendo com o agricultor participe de toda a cadeia produtiva e da venda. "Nós estamos trabalhando aqui a idéia de energia e alimentos. No caso, do álcool e biodiesel. Trabalhar, inclusive, o álcool com a produção de leite. Por exemplo, você pode tratar o bagaço da cana, aumentando a produtividade do leite. Então perfeitamente dá para trabalhar a produção de energia com alimento".
Para Rossetto, muitas empresas de biocombustível estão sendo criadas apenas para estimular a monocultura de soja do agronegócio. "O capital imobilizado do agronegócio está todo voltado pra soja. Então eles estão tentando salvar seus investimentos”, argumenta.
Atualmente a Cooperbio possui 1.500 associados, mas o plano é chegar a 20 mil. Localizada em Palmeira das Missões, a cooperativa envolve cerca de 25 mil famílias de 62 municípios da região noroeste do estado. Sua capacidade de produção deve alcançar 400 mil litros de combustível por dia.
(Por Raquel Casiraghi, Chasque Notícias, disponível em
Ecoagência, 04/08/2006)