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2006-08-07
Os duros enfrentamentos entre o exército de Sri Lanka e os Tigres tamis pelo controle de uma represa perto do porto de Trincomalee, um reduto rebelde, fizeram temer pelo destino da trégua promovida pela Noruega e em vigor desde 2002. Os novos combates entre soldados e membros dos Tigres para a Libertação da Pátria Tamil (LTTE) eclodiram no fim de semana, por causa de uma disputa pelas operações da represa de Mawilaru, desde a qual se irriga as terras de agricultores da etnia cingalesa, majoritária no país. O governo acusou os Tigres de fechamento das comportas da represa e de privar de água cerca de 15 mil pessoas.

No entanto, os rebeldes disseram que foram cidadãos de fora de sua organização, corrente acima, que bloquearam o rio em protesto pela decisão do governo de abandonar um projeto de fornecimento de água potável em benefício da comunidade tamil, majoritária no norte e nordeste de Sri Lanka. A missão de paz dos países nórdicos encarregada de supervisionar o cessar-fogo tentou impor uma trégua para resolver a disputa, mas foi em vão. Em seguida, efetivos do exército, apoiados pela artilharia e a força aérea, lançaram uma operação para controlar os arredores da represa.

Não são conhecidos detalhes dos confrontos, mas a maior parte da ação parece se concentrar no controle da estratégica cidade de Muttur, com vista para o porto de Trincomalee, sobre o qual os dois lados reivindicam domínio. O Ministério da Defesa informou em um comunicado que o exército havia repelido vários ataques à cidade e causado “duras baixas, matando 40 integrantes dos Tigres e ferindo outros 70 terroristas”. Mas a versão dos Tigres contradiz a do governo, e em site na Internet (tamilnet.com) diz que seus combatentes haviam invadido quatro centros militares e entrado em Muttur para lutar contra o exército de Sri Lanka.

Os agricultores tamis e cingaleses se acusam mutuamente de pretender o controle exclusivo da represa e dos arrozais que esta irriga. “Esta é uma tentativa de tirar os cingaleses da região”, disse à IPS o monge budista Saranakeerthi Thero, líder dos protestos pró-governamentais. Também disse que os Tigres haviam planejado fechar a comporta e avisado os agricultores tamis da zona, que não cultivaram nesta estação. “Não só os agricultores tamis deixaram de plantar, também os cingaleses. Se a colheita fracassa, os moradores vão embora”. De acordo com o monge, o fechamento da comporta afetou mais de 12 mil hectares de arrozais.

A violência dos últimos seis meses obrigou muitos cingaleses a fugir. Cerca de 900 pessoas morreram desde dezembro por causa das hostilidades entre o LTTE e o exército. Os tamis residentes na zona da represa, controlada pelos Tigres, acusaram o governo de não cumprir a promessa de construir um sistema de depósitos de água na área. “O Ministério de Reabilitação do Nordeste prometeu construir tanques de água para abastecer as sete aldeias controladas pelo LTTE. Mas agora mudaram de planos e vão construir nas zonas controladas pelo governo. Não nos darão água. Além disso, ninguém deu ajuda às pessoas que fugiram das áreas do LTTE. Por isso, fechamos a represa”, disse o chefe político dos Tigres em Trincomalee, S Ellilan.

Quando membros da etnia tamil se reuniram na semana passada com o chefe da missão de paz, Ulf Henricsson, pediram a restauração do projeto de construção de tanques de água e o fim das restrições ao transporte de material de construção para as áreas controladas pelos Tigres. Henricsson não pôde assegurar nada, e antes que pudesse comunicar a reação do governo a essas reclamação, eclodiu a violência na região.

“O cessar-fogo existe definitivamente em todas estas zonas, com exceção de Sampur, ao sul do porto de Trincomalee. Há muita violência ali. Não sabemos onde tudo isto pode levar”, afirmou Henricsson na capital do Sri Lanka. Os observadores não puderam chegar à zona de conflito por causa da insegurança. Inclusive, caíram bombas perto de onde, na semana passada, Henricsson, os Tigres e representantes civis tamis estavam reunidos. O governo continua insistindo em seu compromisso com o cessar-fogo, apesar dos sangrentos enfrentamentos na cidade de Muttur.

A trégua acertada em fevereiro de 2002 acabou com duas décadas de violência sectária encabeçada pelos Tigres, que reclamam um Estado separado para a minoritária etnia tamil, no nordeste da ilha. O conflito começou em 1983 quando os Tigres pegaram em armas para lutar por uma pátria para os tamis de Sri Lanka, que se queixam de discriminação por parte da maioria cingalesa budista. Dos 18 milhões de habitantes do país, 73% pertencem à etnia cingalesa, a maioria budista, e 18% à etnia tamil, que procedem do sul da Índia e praticam o hinduísmo.

Enquanto o cessar-fogo foi cumprido, nos últimos três anos quase não houve negociações para um acordo político. Desde abril de 2003, os dois lados se reuniram apenas uma vez, em janeiro, em Genebra. A missão de paz pode chegar a desaparecer porque os Tigres estabeleceram 1º de setembro como data-limite para que todos os cidadãos da União Européia abandonem suas tarefas de observação. Finlândia, Dinamarca e Suécia já disseram que acatarão a solicitação, deixando a missão de paz com apenas 20 observadores. “Sempre existe a possibilidade de uma guerra em grande escala pela ameaça que pende sobre o acordo desde o cessar-fogo”, afirmou Henricsson.
(Por Amantha Perera, Envolverde, 04/08/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=20631&edt=1

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