O Ibama do Rio Grande do Norte está investigando como a lagosta imatura pescada no litoral potiguar está sendo
comercializada no país e exportada para os Estados Unidos. A suspeita é de que existe uma rede composta por pescadores
e empresários para escoar o produto de forma ilegal.
A informação foi passada pelo superintendente do Ibama do Estado, Alvamar Queiroz. A invetigação está sendo realizada
pelo Grupo de Ordenamento da Pesca da Lagosta, com a realização da Operação Pirata II, uma ação conjunta do Ibama do
Rio Grande do Norte, Ceará e Brasília, além da Polícia Federal e Florestal. Durante as duas primeiras semanas, além
da investigação sobre o comércio ilegal do pescado, a operação fiscalizou ao tamanho das lagostas capturadas e a forma
como a pesca é realizada, verificando se existe a utilização de compressores.
Segundo Alvamar Queiroz, desde o defeso (período entre janeiro e abril, quando a pesca da lagostas é proibida por lei), o
Ibama está se reunindo com os pescadores e empresários para fazer uma trabalho de conscientização para a preservação
da espécie, tentando coibir a pesca clandestina. “Se a pesca é realizada, é porque alguém sustenta essa rede ilegal de
escoamento da lagosta imatura”, completa.
Alvamar Queiroz explica que o Grupo de Ordenamento da Pesca da Lagosta foi criado com o objetivo de saber para quem
esse pescado é repassado e como é legalizado para exportação. A Operação Pirata II está fiscalizando os 400 km do litoral
potiguar. Atenção maior tem sido dada aos 22 municípios que têm como atividade principal a pesca. A ação conta com a
participação de 20 profissionais do Ibama, da Polícia Federal e Florestal, além de três carros e um barco. “O maior problema
encontrado nessas comunidades durante a fiscalização, é a resistência que os pescadores têm com o Ibama, achando que
o órgão quer prejudicar as suas atividades. Sem a participação dos pescadores, a ação não tem sucesso.”
A Operação Pirata II já realizou várias apreensões que foram apresentadas à imprensa, na manhã de ontem, na sede do
Ibama. A operação fiscalizou o litoral Norte e Sul do Estado e apreendeu 12 compressores, 6 metros de rede de pesca, 27
equipamentos de mergulho autônomo (pé de pato, e cilindros) e 80 quilos de lagosta de todos os tamanhos.
A operação foi comandada pelo chefe da Divisão da Fiscalização dos Recursos Pesqueiros do Ibama de Brasília, Marcelo
Amorim.A fiscalização aconteceu nas praias de Pirangi, Búzios, Tabatinga, Barreta (litoral sul), Rio do Fogo, Maracajaú,
São Miguel do Gostoso, Lagoa do Sal, Touros, Cajueiro, Caiçara do Norte e Peroba (litoral norte).
Segundo Marcelo Amorim, o trabalho para a preservação da espécie, junto aos pescadores, não é fácil. O uso de
compressores provoca um acidente a cada 45 dias com seqüelas irreversíveis para o pescador, e um óbito entre quatro e
seis meses. Mas, ainda falta nas colônias uma conscientização maior sobre esses problemas.
(
Tribuna do Norte, 04/08/2006)