Castigada por enchentes, Coréia do Norte pede ajuda urgente
2006-08-07
A Coréia do Norte, palco de enchentes que destruíram plantações e expulsaram milhares de pessoas de suas casas, precisa urgentemente de doações de alimentos, disse uma autoridade norte-coreana, segundo a agência de notícias Yonhap. O país recusou até agora as ofertas de ajuda de organizações internacionais e da Cruz Vermelha para enfrentar as enchentes que podem detonar, no país -- que convive com uma falta crônica de comida --, uma onda de mortes provocadas pela fome.
Kim Song-won, um membro da Comissão para a Cooperação Nacional Econômica da Coréia do Norte, disse que seu país não recusaria a ajuda vinda da Coréia do Sul, seu maior doador, se ela fosse oferecida de forma incondicional. "A coisa mais urgente agora é resolver o problema da falta de comida. Precisamos muito de arroz", afirmou Kim em Dangong, uma cidade na fronteira com a China localizada na região noroeste da Coréia do Norte.
Três tempestades violentas atingiram o país estalinista em julho, deixando quase 30 pessoas mortas ou desaparecidas, disseram agências internacionais. A Coréia do Norte já havia pedido neste ano, ao governo de Seul, 500 mil toneladas de arroz, mas o governo sul-coreano condicionou o envio da ajuda ao regresso dos norte-coreanos à mesa de negociações sobre seus programas de armas nucleares.
Kim afirmou que não se conhece o número exato de pessoas atingidas pelas enchentes, mas disse que as áreas de plantio do sul, principal região produtora de arroz do país, sofreram pesados danos. "Grandes áreas de plantio estão completamente cobertas pelas águas. Então, o plantio de arroz tornou-se impossível ali", disse. "A falta de árvores nos morros fez com que as casas fossem levadas pelas águas, deixando as pessoas acampadas em áreas mais altas. Elas quase não têm comida e carecem também de cobertores. É desolador".
O Programa Mundial de Alimentação (WFP), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), disse que o governo norte-coreano havia recusado uma oferta de doações emergenciais de alimento. O WFP estima que 60.000 pessoas perderam suas casas ou foram expulsas delas pelas enchentes. "O Programa Mundial de Alimentação foi informado pelo governo da DPRK (Coréia do Norte) de que ele pode enfrentar o problema sozinho", afirmou Barry Came, porta-voz do WFP, no começo desta semana.
Como precondição para o envio da ajuda, o programa da ONU exigiu avaliar os danos deixados pelas enchentes a fim de determinar as necessidades do país e depois monitorar a distribuição do material a fim de garantir que ele chegasse às mãos dos que precisavam dele. Até 2,5 milhões de norte-coreanos, ou cerca de 10 por cento da população do país, morreram nos anos 1990 devido a uma falta de alimentos provocada por secas, enchentes e erros administrativos no setor agrícola, disseram estudos do WFP.
(Reuters, 04/08/06)
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