Uruguai teme corte no abastecimento de gás ou eletricidade da Argentina por crise de fábricas de papel
2006-08-07
O presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, disse que seu governo tem entre suas hipóteses que a Argentina corte o abastecimento de gás ou eletricidade ao pequeno país por causa de um conflito pela instalação de duas fábricas de papel. A Argentina teme que as plantas que duas empresas européias instalam na margem uruguaia de um rio fronteiriço contaminem a região.
O governo do presidente Néstor Kirchner permitiu no verão passado que ambientalistas bloqueassem intermitentemente uma passagem na fronteira como forma de protesto contra as plantas, algo que segundo o governo uruguaio causou perdas de cerca de 400 milhões de dólares ao país.
Nos protestos, os ambientalistas argentinos também pedem que seu governo tome outras medidas mais duras como forma de pressionar o país vizinho para que paralise as obras das empresas Ence, da Espanha, e Botnia, da Finlândia.
"O que acontece se nos cortarem o gás ou a energia elétrica, se nos bloquearem possíveis empréstimos internacionais? Tudo isto devemos estudar e estar uma jogada adiante", disse Vázquez em uma entrevista publicada na sexta-feira na mídia local.
Na entrevista, Vázquez descartou que a diferença chegue ao extremo de uma agressão bélica. A Argentina levou o conflito ambiental entre os países à Corte de Haya por entender que o Uruguai violou um tratado bilateral ao permitir a instalação das plantas sem consulta prévia.
Já o Uruguai levou o caso dos bloqueios fronteiriços a um tribunal do Mercosul, união aduaneira que ambas as nações integram junto com Brasil, Paraguai e Venezuela. O governo uruguaio defende os empreendimentos das empresas européias, cujo investimento será de 1,7 bilhão de dólares, argumentando que as companhias utilizarão a melhor tecnologia disponível.
(Por Conrado Hornos, Reuters, 04/08/06)
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