A partir de outubro, 14,6 mil agricultores familiares do Rio Grande do Sul iniciarão a produção de
mamona para a fabricação de biodiesel.
Sexta-feira (04/08), a Brasil Ecodiesel, empresa que está instalando uma unidade em Rosário do Sul e
comprará o produto, assinou acordo de cooperação com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura
(Fetag).
A parceria vai permitir a mobilização do grupo e criar condições para a assistência técnica. Os
pequenos produtores fornecerão cerca de 30 milhões de litros de óleo para a Brasil Ecodiesel - 37,5%
da capacidade de 80 milhões de litros que terá a planta. Adquirindo esse percentual da agricultura
familiar, a fábrica garante o Selo Social do governo federal, necessário para ganhar incentivos
fiscais. O resto da demanda deverá vir de médios e grandes produtores. A idéia é comprar o óleo de
soja, amplamente utilizado no Estado, e fomentar outras cadeias, como a do girassol.
- Um programa que fosse só baseado na soja, que tem tanto farelo, desequilibraria o mercado mundial,
mexendo nos preços do farelo. No caso da mamona, uma planta que não serve para a indústria da
alimentação, não tem esse problema - explica Nelson Silveira, presidente da Brasil Ecodiesel.
Agricultores terão garantia de compra do produto
Os agricultores que assinarem o contrato com a empresa terão garantia de compra do produto a um preço
de R$ 0,59 pelo quilo do grão. A média de área plantada por propriedade será de 2,5 hectares.
- A mamona é uma alternativa importante, mas não vai resolver tudo sozinha. Queremos que o agricultor
plante tudo o que já cultiva e ainda ache um espacinho para a mamona - diz Ezídio Pinheiro,
presidente da Fetag .
De acordo com o dirigente, a experiência vai mostrar se a cultura compensa. Para que mais gente possa
experimentar o cultivo, Pinheiro diz que a Fetag vai distribuir até um quilo de semente por produtor.
Em tese, o agricultor Paulo Coutinho diz que o investimento em mamona vale a pena. Hoje, ele planta
milho e fumo na área de 7,8 hectares que tem no município de Sentinela do Sul. Nesta safra, pretende
reduzir a área de milho em dois hectares, onde passará a cultivar a mamona.
- Calculo que pode ser melhor do que o milho, mas não do que o fumo. Espero tirar R$ 1,2 mil por
hectare com a mamona. Hoje, o milho dá R$ 800 por hectare - afirma Coutinho.
(
Zero Hora, 05/08/2006)