Complexo hidrelétrico de Garabi pode demorar sete anos
2006-08-04
O maior complexo hidrelétrico da história do Rio Grande do Sul ainda deprende da formulação de
um marco institucional entre a iniciativa privadae os governos do Brasil e da Argentina para
sair do papel. O projeto prevê a construção de um sistema de até três aproveitamentos
hidrelétricos no Rio Uruguai, na região do município de Garruchos, que poderá gerar até 1,8 mil
MW (cerca da metade da demanda atual de energia do Estado).
"Se tudo correr bem, podemos iniciar a construção da hidrelétrica em dois anos. A conclusão e a
operação da usina levariam mais cinco depois disso", calcula o diretor de assuntos institucionais
da Secretaria Estadual de Energia, Minas e Comunicações, Luiz Gonzaga Fagundes. O representante
do governo estadual participou ontem da apresentação dos resultados parciais da Avaliação
Ambiental Integrada (AAI) dos aproveitamentos hidrelétricos da Bacia do Rio Uruguai. O evento,
conduzido pelo Ministério de Minas e Energia e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), foi
realizado no Hotel Blue Tree, em Porto Alegre.
O investimento estimado para efetivar Garabi é de cerca de US$ bilhões. Fagundes informa que no
dia 31 de agosto será realizada uma reunião, promovida pela Câmara Binacional São Borja/Santo
Tomé, para que grupos de trabalho envolvidos como assunto possam discutir medidas que agilizem o
projeto. Um dos pontos que torna o processo complexo é justmanete o fato de o empreendimento
estar situado na fronteira entre Brasil e Argetina e envolver os dois governos.
"Não se tem uma definição de como ou quanto da energia será comercializada na Argentina ou no
Brasil", argumenta o coordenador técnico do Grupo de Trabalho das Obras da Usina de Garabi,
Newton Brunelli. Ele enfatiza que o projeto de Garabi está dentro dos moldes das Parcerias
Público-Privadas (PPPs). Brunelli explica que o caráter institucional do governo é importante
para dar segurança ao empreendimento, mas provavelmente a liderança do consórcio será privada.
Garabi não é um dos projetos que foram considerados dentro da Avaliação Ambiental Integrada
dos aproveitamentos hidrelétricos da Bacia do Rio Uruguai. O superintendente de Meio
Ambiente da EPE, Ricardo Cavalcanti Furtado, explica que a avaliação, que deverá ser concluída
até outubro, no momento leva em consideração apenas os aproveitamentos hídricos nacionais. O
potencial hidrelétrico da Bacia do Rio Uruguai, através de empreendimentos que podem entrar
em operação até 2025, é estimado em cerca de 11 mil MW.
A coordenadora-geral do Núcleo Amigos da Terra Brasil, Lúcia Ortiz, reclama que deveria ser
]possibilitada uma maior participação das organizações não-governamentais ambientalistas nas
discussões de potenciais hidrelétricos. Outro ponto salientado por Lúcia é o fato de ser o
Ministério de Minas e Energia, e não o do Meio Ambiente, que conduz a AAI. "O resultado
desses encontros não pode apenas servir para um interesse do Ministério de Minas e Energia".
(Jornal do Comércio, 04/08/2006)
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