O país poderá ser obrigado a fazer um novo racionamento de energia elétrica no biênio 2009/2010. Isso porque, nos cálculos
do economista Adriano Pires, sócio do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE), a defasagem entre demanda e oferta de
energia daqui a três anos poderá chegar a 2%.
Segundo ele, a economia de energia seria necessária mesmo que chova normalmente nos próximos anos. O consultor
afirmou ainda que o aumento da demanda de energia sem o crescimento da oferta pode levar a uma explosão dos preços
das tarifas. O governo considerou as declarações irresponsáveis.
A análise do CBIE considera uma expansão de 4% a 4,5% da economia do país. Adriano Pires, que participou do workshop
Do modelo estatal ao livre mercado: Estudo do caso GLP, disse que de janeiro deste ano até agora não houve aumento de
investimentos na geração de energia elétrica. Ele lembrou que o racionamento no governo Fernando Henrique Cardoso
ocorreu justamente porque não foram aplicados no setor os recursos necessários e registrou-se a pior seca da história.
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, rebateu a afirmação do consultor sobre o
risco de apagão. Ele disse que entre 2003 e 2006 terão sido instalados 4.378 megawatts/ano em geração de energia
elétrica - capacidade suficiente para abastecer uma Região Metropolitana do Rio a mais anualmente.
Além disso, defendeu, foram construídas 13.196 km de linhas de transmissão, o que permitiu duplicar a capacidade de
transporte de energia no país. Conforme Tolmasquim, a Região Sul está com a pior seca dos últimos 70 anos, mas, graças
aos investimentos, 65% da demanda estão sendo atendidas.
Tolmasquim disse ainda que o nível do risco de déficit de energia em 2009/2010 é menor do que 3%, muito abaixo dos 5%
aceitáveis pelo setor nos cálculos de risco:
- Considero que é irresponsável qualquer pessoa fazer afirmação sem embasamento em estudos técnicos. Nitidamente, este
período pré-eleitoral leva algumas pessoas a fazer afirmações do gênero.
No seminário, Pires afirmou ainda que o valor do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP, o gás de cozinha) está defasado em 35%
em relação aos preços internacionais, já que não há reajuste desde janeiro de 2003. Já a defasagem da gasolina chega a
21% e a do óleo diesel, a 20%.
(
Zero Hora, 04/08/2006)