Os estragos da estiagem, que castiga todo o Sul do Brasil, chegaram ao Parque da Serra do Tabuleiro. Ontem à tarde, labaredas com mais de 10 metros de altura queimavam nove hectares de Mata Atlântica, área equivalente a 12 campos de futebol. O fogo começou na quarta-feira (2/7) e toma conta de parte da área que compreende a região da Praia da Pinheira, em Palhoça, na Grande Florianópolis.
Quase 30 focos de incêndio mudaram o cenário da praia, num raio de mais de um quilômetro de distância, a partir das dunas. Pelo difícil acesso às chamas, mais de 35 homens, entre Polícia Militar Ambiental e Corpo de Bombeiros, trabalharam ontem na região. Apenas batedores de borracha são usados para apagar as chamas.
- Como a região é de mangue, fica difícil o acesso de veículos. O trabalho é lento e manual - explicou o capitão da Polícia Militar Ambiental, Sílvio Ribeiro.
“Basta uma ronda para encontrar chamas no parque"
Caso a equipe identifique mais focos a partir de hoje, o helicóptero da Polícia Militar deverá entrar em cena para conter as chamas. De acordo com o capitão, os focos de incêndio no parque são freqüentes no Verão.
- A estiagem nos pegou de surpresa. Basta uma ronda para encontrar fumaça e chamas no parque - comentou.
A preocupação da equipe é que o fogo ultrapasse o limite de segurança, em direção às residências.
Morador do Bairro Morretes, Nivaldo da Rosa, 42 anos, contou que as labaredas invadiram em pouco mais de cinco minutos, ontem de manhã parte do seu terreno. A preocupação do agricultor era salvar os quase cem animais, entre porcos, aves e cães que cria nos fundos de casa.
- Moro há mais de 30 anos aqui e tenho sempre que correr com meus animais quando tem fogo - contou.
A Polícia Militar Ambiental deve apresentar um relatório dos estragos a partir de hoje. No mesmo documento vai constar o número de animais mortos com o incêndio, como tatu e aves silvestres. O parque compreende, além de Palhoça, as regiões de Florianópolis, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí, Garopaba e Paulo Lopes.
(Por Ariadne Niero,
Diário Catarinense, 04/08/2006)