Ipiranga adere ao biodiesel antes de virar lei
2006-08-03
A Ipiranga Distribuidora também vai entrar na onda do biodiesel e marcou para entre setembro e outubro a estréia do
combustível em seus postos, quase dois anos antes de se tornar obrigatório, seguindo o caminho de concorrentes como BR
Distribuidora, AleSat e Shell.
Segundo o diretor de operações da companhia, José Luis Orlandi, a Ipiranga comprou 7 milhões de litros de biodiesel da
Petrobras para fornecer aos seus clientes até o primeiro semestre do ano que vem. Se não for antecipada, a mistura de 2 por
cento de biodiesel ao diesel passa a ser compulsória a partir de 2008.
"Esse volume que compramos vai ser entregue a partir de setembro e ao longo de 2007, o produtor vende antecipado e só então
vai produzir, não tem como entregar tudo de uma vez", explicou o executivo a jornalistas, após palestra no seminário Hart
World Refining & Fuels Conference.
Já a produção de biodiesel, projeto que começa a ser estudado por distribuidoras como a AleSat, ainda está fora dos planos
da Ipiranga, conforme Orlandi, apesar de a empresa ter paralisado as operações de refino de petróleo há cerca de dois meses,
devido à defasagem do preço no mercado interno em relação ao internacional.
"Isso seria um outro passo, hoje não (pensamos nisso)... A refinaria está parada e estamos fazendo todo o esforço para
ativá-la. Se vai ser biodiesel ou outro produto não sei", afirmou o diretor.
Passando pelo mesmo problema em relação à defasagem de preços, a Refinaria de Manguinhos, do Grupo Peixoto de Castro e da
Repsol-YPF, parou de refinar petróleo há um ano e agora estuda voltar ao mercado fornecendo biodiesel.
Juntas, a Ipiranga e Manguinhos refinam menos de 5 por cento do total de petróleo processado no Brasil, sendo o restante
produzido pela Petrobras, ou cerca de 1,8 milhão de barris diários de petróleo. Por esse motivo, a estatal controla os preços
e, desde setembro do ano passado, não concede ajuste para o diesel e a gasolina.
De acordo com Orlandi, a entrada da Ipiranga no biodiesel objetiva apenas se antecipar à obrigatoriedade da mistura prevista
para 2008. "Estamos estudando o produto, a logística e as adequações necessárias para que, quando vier a obrigatoriedade,
já estejamos preparados."
Objeto sistemático de especulações como alvo de compra, a Ipiranga não está sendo negociada no momento, informou Orlandi,
que considera os boatos naturais diante da situação da companhia.
"É uma das empresas brasileiras que mais investe, é a segunda empresa do país, tem capital nacional, tem atrativos, mas
desconheço qualquer informação a respeito disso", declarou.
(Por Denise Luna, Reuters, 02/08/2006)
http://br.today.reuters.com/news/default.aspx