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2006-08-03
A área cultivada com cana-de-açúcar no Brasil deverá manter a sua média de crescimento nos últimos cinco anos, impulsionada pela boa demanda por açúcar a álcool, e aumentar ao menos 7% na próxima safra, informou a Canaplan, empresa que presta consultoria ao setor no país.

Esse aumento poderá ser ainda maior, disse o diretor da Canaplan, Luís Carlos Correia Carvalho, se forem confirmados os investimentos estrangeiros no setor.

"Tivemos neste ano 11 unidades novas, ano que vem vamos ter mais um tanto. Portanto, a área expande, acredito eu que vamos ter uma expansão continuada em cana-de-açúcar entre 7% e 8% ao ano," declarou ele à Reuters nesta quarta-feira, no intervalo do 5º Congresso Brasileiro de Agribusiness, promovido pela Abag (Associação Brasileira da Agribusiness).

De acordo com Carvalho, a área dedicada à produção de álcool deverá crescer um pouco mais do que à de açúcar, principalmente pela expectativa crescente por combustíveis renováveis.

"Portanto é uma visão muito positiva desse crescimento, e poderá ser até acelerado à medida que o capital venha de uma forma mais positiva, que o capital estrangeiro venha também, coisa que, aliás, está acontecendo," comentou ele, que também é diretor da Abag, acrescentando que várias pessoas demonstraram interesse no setor durante o congresso, que começou na terça.

Carvalho, que atua ainda como diretor da Usina Alto Alegre, afirmou que o Brasil deve dar um "arranque" maior na produção de alimentos e energia com o incremento das inovações tecnológicas.

"A tecnologia vai exercer um papel fundamental, porque ela vai ser responsável para a gente ter esse crescimento em área e uma produção muito maior. Ou seja, não vai precisar crescer muito mais a área do que isso," disse ele, comentando sobre um futuro aumento da demanda mundial por alimentos e biocombustíveis.

"O que me anima é que os excedentes de alimentos que eram negativos do ponto de vista de preços vão ser utilizados para fazer energia, então eu vejo um futuro de preços muito mais positivo no meio rural."

Em sua palestra no congresso, no final da tarde de terça-feira, Carvalho citou um estudo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) que aponta que área disponível para cana, desde que tratada e irrigada, não falta no Brasil.

"A cana é uma cultura de adaptação felicíssima no Brasil. Sem desmatamento, teríamos 270 milhões de hectares para a cana e outras culturas, hoje nós produzimos (a cana) em 6 milhões de hectares," afirmou durante a palestra.

Biodiesel
O presidente da Abag, Carlo Lovatelli, afirmou que as perspectivas são positivas na área de biocombustíveis também para a soja brasileira, apesar da crise de rentabilidade pela qual passa o setor de grãos.

"A expectativa é muito grande, a soja tem competência e volume para atender a demanda (para a produção de biodiesel)," afirmou Lovatelli, também presidente da Abiove (Associação Brasileira de Óleos Vegetais).

Segundo Lovatelli, em entrevista a jornalistas, a indústria tem uma "capacidade de refinamento com 30% de ociosidade," que poderia ser utilizada com a produção de biodiesel, e "o Brasil tem terra fértil disponível e extensões legais para plantar."

"Temos condições para alavancar esse processo fortemente, o biodiesel vai alavancar, mas temos de fazer a lição de casa com o farelo," disse ele, referindo-se à destinação do sub-produto para a indústria de ração.

Um problema para a entrada do setor industrial de soja na produção de biodiesel, no entanto, é a falta de uma isonomia tributária com os produtores familiares de oleaginosas para o biocombustível, segundo o presidente da Abiove.

"Como não há isonomia tributária, não existe muito interesse ainda, mas isso vai ser ajustado. Sem dúvida vamos ter uma zona de excelência, o biodiesel de soja vai ser altamente viável, principalmente no Centro-Oeste brasileiro," disse ele, lembrando que o recente anúncio do H-Bio pela Petrobras poderá ajudar muito na redução de custos com transportes aos produtores das regiões mais distantes dos portos.
(Por Roberto Samora, UOL Notícias, 02/08/2006)
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