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2006-08-03
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), principal financiador público de Camisea, não descarta destinar mais dinheiro à segunda fase da construção desse gasoduto na selva amazônica do Peru, o que preocupa e organizações da sociedade civil. Esta entidade multilateral havia prometido que para conceder mais dinheiro esperaria o resultado das investigações sobre persistentes vazamentos ocorridos na tubulação que unirá a Amazônia com a costa peruana no Pacífico. Cinco vazamentos afetaram as operações do gasoduto desde sua inauguração, em 2004.

O BID, com sede em Washington, assinou na semana passada uma “carta de mandato” com empresas ligadas ao gasoduto da companhia peruana Liquefied Natural Gás (LNG), que transporta o combustível desde o campo de Camisea. Este tipo de documento abre caminho, segundo os procedimentos do Banco, para uma iminente concessão de empréstimos. O consórcio de Camisea, liderado pelas empresas Hunt, SK Corporation e Repsol YPF, negocia crédito de US$ 400 milhões para financiar parcialmente um terminal de gás natural líquido e outras instalações na costa do Pacífico, com vistas à exportação. O gás será vendido para o México e, possivelmente, também para Chile e Estados Unidos.

“O Banco examina este projeto por sua importância única para o crescimento econômico do Peru”, informou a instituição em um comunicado. “O projeto da LNG é um elemento estratégico-chave no plano geral energético do Peru para capitalizar suas amplas reservas de gás nos campos de Camisea através de sua exportação a outros mercados”, acrescenta o texto. No entanto, organizações ambientalistas e da sociedade civil advertiram que a decisão do BID contradiz os compromissos assumidos antes por altos funcionários da instituição. Estes funcionários asseguraram, diante dos protestos feitos contra os constantes vazamentos no gasoduto, que não autorizariam mais empréstimos até que as auditorias estejam terminadas.

Prever um novo empréstimo “antes do início da auditoria é um exemplo preocupante de tomada de decisões com pouca visão por parte do BID, que contribuiu para a primeira e problemática fase do projeto”, disse Simeon Tegel, da Amazon Watch, organização com sede em São Francisco que há muito tempo analisa o andamento do polêmico projeto. E-Tech, organização sem fins lucrativos dedicada à pesquisa técnica, concluiu em uma investigação finalizada em março que a qualidade dos materiais e os procedimentos de construção de Camisea estavam abaixo dos padrões. Esse é o fator determinante dos vazamentos de gás registrados na área ambiental delicada por onde passam os dutos, segundo o estudo da E-Tech.

Este informe obrigou o BID e o governo peruano a encomendar pesquisas sobre o impacto social e ambiental de Camisea. Mas organizações críticas do projeto já então duvidavam que o projeto parasse, e agora estão ainda mais alarmadas porque o Banco mantém sua tendência de controlar o impacto das obras que financia com uma intensidade muito baixa. Por outro lado, também consideram provável que as auditorias encontrem mais erros no gasoduto, e advertiram que o Banco deveria esperar até que os resultados sejam conhecidos para tomar uma decisão sobre o financiamento. “Parece altamente improvável que uma auditoria completa e independente sobre o impacto social e ambiental da primeira fase de Camisea lhe de sua aprovação”, disse Tegel.

O gasoduto de Camisea é um dos projetos-chave em matéria de energia na América Latina, e envolve a extração, o transporte e a distribuição de gás natural para consumo interno e exportação. É operado pela Transportadora de Gás do Peru (TGP), consórcio que inclui as argentinas Pluspetrol e Techint, a norte-americana Hunt Oil, a estatal argelina Sonatrach e a sul-coreana Sk Corp. As críticas que choveram sobre o gasoduto se concentram em seu impacto social e ambiental. O projeto original, de US$ 1,6 bilhão, é construído em uma zona tropical remota e ecologicamente frágil, o vale de Urubamba, na Amazônia peruana, uma localização que aumenta o risco de degradação ambiental em áreas de grande biodiversidade.

A construção de Camisea implica o traslado dos habitantes da zona e de outras regiões, a destruição de fontes de alimento e água das comunidades locais, e a exposição de indígenas isolados voluntariamente a doenças para as quais não têm defesas imunológicas. Em uma audiência no Senado norte-americano no último dia 12, o ex-ministro de Mineração do Peru Carlos Herrera Descalzi advertiu que a nova vocação peruana pela exportação de gás contradiz o objetivo original de Camisea: baratear a energia no mercado local.

A má administração do projeto “trará problemas para o futuro, e, de fato, já os causou: a credibilidade do governo – e também de instituições como o BID – está em xeque”, disse Herrera aos legisladores encarregados de controlar a contribuição dos Estados Unidos a instituições financeiras internacionais. Entretanto, o BID insiste em que o gasoduto é bom para a economia peruana e para a produção de energia na América Latina em geral, e que o pronunciamento da semana passada não significa uma destinação imediata de novos fundos.

O Banco afirma que a decisão de financiar o projeto está sujeita à aprovação do Conselho de Diretores do BID. A instituição calculou que Camisea renderá US$ 800 milhões anuais ao Peru, “aumentando em 1,5% as exportações totais do país e transformando-o em um exportador de hidrocarbonetos a médio prazo. Espera-se que todo o projeto renda US$ 4,8 bilhões em termos de benefícios econômicos acumulativos, ou uma quantidade equivalente a 6% do produto interno bruto do Peru”, disse o BID em seu comunicado.
(Por Emad Mekay, Envolverde, 02/08/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=20528&edt=1

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