O Senado norte-americano, em sua última sessão antes do recesso de verão, aprovou na terça-feira (01/08) um ambicioso plano de expansão da exploração de petróleo em uma larga faixa do Golfo do México, a qual está hoje fora dos limites das empresas de energia.

Contudo, o governo tem um plano ainda mais audacioso: abrir a costa litorânea daquela região à perfuração em qualquer local, a menos que haja objeções dos Estados.

A abertura de áreas costeiras para operações de companhias de petróleo e gás está no centro dos debates do Congresso, onde legisladores, por meses, têm lutado para responder à crescente indignação dos eleitores em razão da elevação contínua dos preços da energia — um problema muito particular, num ano eleitoral.

Por 71 a 25 votos, o Senado deu aval a um projeto de lei do Departamento de Interior (DOI) para começar os arrendamentos de áreas para a exploração de gás e petróleo em 3,24 milhões de hectares das partes leste e central do Golfo do México — cerca de 200 a 500 quilômetros das praias da Flórida.

Já indo para o recesso de verão, o Senado ainda enfrenta uma maratona para incluir a aprovação de US$ 444,6 bilhões de um fundo do Pentágono, com um adicional de US$ 50 bilhões, para a Guerra contra o Iraque.

Muitos senadores republicanos haviam conclamado que o voto favorável à abertura das áreas poderia desafiar uma moratória de 25 anos estabelecida para aquele local. Mas a Câmara dos Deputados já havia aprovado, em junho último, o fim da moratória em qualquer local, permitindo a exploração em uma faixa litorânea de 80 quilômetros em qualquer Estado, a menos que fossem apresentadas objeções formais.

Contudo, essa batalha, segundo o senador Pete Domenici, republicano, é para outra ocasião. Qualquer projeto que estabelecer algo além dos 3,24 milhões de acres poderia atrasar no Senado, requerendo 60 votos para passar, disse o parlamentar. "É um monstro que temos que ultrapassar e os votos não estão lá".

Domenici vai representar o Senado como negociador em uma conferência com a Câmara dos Deputados, em setembro, a respeito da exploração nas áreas costeiras, o que o levou a enviar uma mensagem ao líder da Câmara: "Vá além do que o Senado aprovou na terça e a grande vitória vai virar nada".

O republicano Richard Pombo, da Califórnia, principal patrocinador do projeto na Câmara, deixou aberta a possibilidade de um acordo. Disse que tanto a Câmara quanto o Senado concordam com a necessidade de abertura de maior número de áreas à exploração, "para aliviar os consumidores".

"A úmica questão que permanece é quanto alívio o Congresso vai permitir", disse Pombo.
(Por H. Josef Hebert, San Francisco Chronicle, 02/08/2006)