Cientistas discutem uso de robôs para pesquisas na Amazônia
2006-08-02
A robótica pode auxiliar os cientistas na tarefa de registrar e interpretar os sinais oriundos das matas e dos rios da Amazônia. Por isso, cerca de 20 pesquisadores do país inteiro – especialistas em peixes elétricos, semiótica, robótica de inspeção, eletro-eletrônica, informática, processamento e análise de sinais, e modelagem ambiental – estão reunidos desde ontem (1/7) no 2º Workshop AmazonBots, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
“Para usar robôs nas pesquisas na Amazônia, é preciso muito mais do que adaptar tecnologias já existentes”, afirmou Aristides Pavani, chefe da Divisão de Microssistemas do Centro de Pesquisa Renato Archer (Cenpra), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. “A complexidade do ecossistema demanda o desenvolvimento de novas ferramentas”, acrescentou.
Em sua palestra, o botânico Bruce Nelson, também pesquisador do Inpa, explicou o funcionamento dos ecossistemas terrestres na Amazônia. “A pluviosidade é o fator primordial na distribuição da vegetação. Em Santarém, onde o índice de chuvas anual gira em torno de 1.800 milímetros, há cerrado. Em Manaus, onde ele é apenas 400 milímetros mais alto, a floresta é toda densa”, exemplificou. Segundo Nelson, “como regra geral, a gente observa que quando há menos sazonalidade [variação ou diferença entre estação seca e chuvosa], existem mais espécies por hectare”.
Um dos projetos em discussão no encontro está sendo chamado de Porakê, embora ainda não tenha nome oficial. “As características da descarga natural do peixe elétrico variam de acordo com a qualidade da água”, contou o coordenador da iniciativa e pesquisador do Inpa, José Gomes.
Ele informou que “estamos estudando em laboratório como esses animais reagem a determinados tipos de poluentes, com concentrações diferentes”. E revelou que o Fundo Setorial de Biotecnologia da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) aprovou recentemente um financiamento, no valor de R$ 500 mil, para a continuidade desses estudos sobre o peixe elétrico. Ao fim de dois anos, o resultado do investimento deve ser um sistema de monitoramento permanente da descarga desses peixes na natureza, a fim de verificar em tempo real a poluição em rios e lagos.
Nesse sistema, os animais monitorados deverão estar confinados em aquários submersos – espécie de piscinas naturais vazadas. “Eles serão colocados em áreas com maior risco de sofrer desastre ambiental, como o Distrito Industrial de Manaus ou a bacia petrolífera de Urucu [em Coari, no Amazonas]”, disse Gomes.
(Por Thaís Brianezi, Agência Brasil, 01/08/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/08/01/materia.2006-08-01.1484180695