Patriarca Bartolomeu I defende certificação e pagamento por serviços ambientais prestados pela Amazônia
2006-08-02
O patriarca da Igreja Ortodoxa Cristã, Bartolomeu I, defendeu a certificação e o pagamento dos serviços ambientais prestados pelas florestas tropicais em discurso que encerrou o Simpósio Ambiental no Amazonas, realizado no final de junho em Manaus pela organização ambiental presidida por ele, a Religião, Ciência e Meio Ambiente (SER).
O líder religioso afirmou ser favorável à promoção dos sistemas para rotular e certificar as origens sociais e ambientais [adequadas] dos produtos e declarou que é necessário estender os atuais mecanismos de troca de emissões do Protocolo de Quioto para o reconhecimento dos serviços ecológicos providos pelas florestas tropicais, as quais desta forma devem se tornar um instrumento para distribuir igualmente custos e benefícios. “A União Européia deve incluir desmatamento evitado e reflorestamento em seu Plano de Troca de Emissões”.
Infra-estrutura e desmatamento
Dimitrius Arhondonis, também conhecido como sua Santidade Ecumênica Bartolomeu I, líder religioso e espiritual de cerca de 300 milhões de cristãos ortodoxos também afirmou que as “novas iniciativas em infra-estrutura para conectar a Amazônia com mercados para exportação de soja, carne, madeira e biocombustíveis induzidos por acordos de fornecimento de energia, irão aumentar o desmatamento.”
Além disso, segundo Bartolomeu I, as emissões de gases estão minando a integridade ecológica e os ciclos climático e hidrológico da Amazônia. “O impacto mais imediato será sentido nas áreas mais desenvolvidas do continente, de São Paulo a Buenos Aires, que dependem para sua agricultura, hidreletricidade e fornecimento de água potável das precipitações chuvosas induzidas pelo ecossistema amazônico”.
O patriarca fez este discurso após comandar as discussões realizadas no Simpósio, que reuniu mais de 200 líderes religiosos, indígenas, autoridades nacionais e regionais, cientistas, ambientalistas e jornalistas de diversos países da bacia amazônica durante sete dias no rio Amazonas em Manaus. Foram realizadas visitas a Santarém, ao Parque Nacional do Jaú, aos arquipélagos Anavilhanas e Mamirauá, entre outros lugares.
A respeito das mudanças climáticas, o líder religioso disse que os objetivos primários da cooperação internacional sobre o clima dentro da Convenção das Nações Unidas para Mudanças Climáticas devem ser novas e ambiciosas metas consensuais de redução para o período pós-2012. “Isto deve levar a um teto global de emissões de gases de efeito estufa a ser atingido antes que a bomba Amazônia pare de bater.” A bomba Amazônia a que ele se refere é o fato de que a Amazônia tem um papel central como “bomba” que mantém a estabilidade climática, os ciclos hidrológicos e a biodiversidade, não somente na região como no planeta.
A Religião, Ciência e Meio Ambiente (em inglês Science, Religion and Environment - SER) é uma organização não-governamental comandada pelo patriarca Bartolomeu cujo objetivo é fomentar os pontos em comum entre os mundos da religião, ciência e ecologia no interesse da proteção do meio ambiente. Desde 1995, já promoveu seis simpósios – todos em ambientes marítimos ou fluviais, como o mar Egeu (1995), mar Negro (1997), rio Danúbio (1999), mar Adriático (2002), mar Báltico (2003) e rio Amazonas (2006) - e a criação do Instituto Ecológico de Halki e outras iniciativas de capacitação. Sua sede fica em Atenas, Grécia.
(Amazônia.org.br, 31/07/2006)
http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=215331