A natureza agonizou no Meio-Oeste. Uma área de mata nativa de aproximadamente 300 hectares foi devastada para o plantio de pinus. A metragem representa cerca de 350 campos de futebol. A descoberta foi da Polícia Militar Ambiental de Lages.
Depois de uma apreensão, domingo, de um caminhão com 7,5 metros cúbicos de araucária, os policiais iniciaram a investigação da origem da carga ilegal e localizaram, ontem de manhã, a área desmatada.
O local fica a 25 quilômetros do Centro de Ponte Alta do Norte, na Fazenda Campo do Paiol. São dois terrenos que tiveram, cada um, cerca de 150 hectares de vegetação nativa devastada. De acordo com o comandante da Polícia Ambiental, Frederick Rambusch, parte desse terreno é Área de Preservação Permanente.
Conforme levantamento da polícia, o desmatamento se iniciou há quase um mês. Foram usados tratores e caminhões para a retirada das árvores. A vegetação dizimada abrange espécies em extinção como xaxim, araucária, canela e imbuia. A quantidade de espécies mortas será levantada pelos policiais.
Além do corte ilegal, a vegetação e os troncos que sobraram foram queimados. O que era verde virou cinza. Para fazer a retirada da vegetação foram abertas estradas no meio da mata, numa extensão de 20 quilômetros. Nascentes de rios foram aterradas.
Algumas pessoas que foram contratadas para trabalhar na retirada da mata se assustaram ao notarem a chegada da Polícia Ambiental e fugiram. Os policiais acreditam que cerca de 15 funcionários trabalhavam no local. Os quatro trabalhadores que foram interrogados serviram de referência da exploração a que estavam submetidos para sobreviver. Eles foram contratados por dia e não têm carteira assinada.
- Eu não conseguia emprego em nenhum lugar. Tenho dois filhos, não tive escolha senão vir trabalhar aqui - revelou Valtamir Koeke, 47 anos, que ganha R$ 25 de diária.
A Polícia Ambiental investiga de quem são os terrenos desmatados, quem são os encarregados pela contratação da mão-de-obra e os responsáveis pela comercialização ilegal da madeira que foi retirada. A suspeita é que o terreno teria sido arrendado para uma madeireira de Curitibanos para o plantio de pinus. A multa mínima do crime ambiental é R$ 1,5 mil por hectare desmatado.
(Por Diego Rosa,
Diário Catarinense, 02/08/2006)