O petróleo bruto, liberado naturalmente das rochas nos fundos dos oceanos, não chega a causar impactos negativos sobre a biota marinha. Muito pelo contrário. Em condições de equilíbrio, ele até serve de alimento para a bactéria Alcanivorax borkumensis, que sobrevive única e exclusivamente graças à ingestão do mineral.
Entender como trabalham essas biodigestoras de petróleo – descobertas por pesquisadores do Centro Helmoltz de Pesquisas em Infecções, na Alemanha –, do ponto de vista bioquímico, passou a ser uma pergunta científica relevante. Se as respostas ainda não estão completas, um artigo publicado na edição atual da revista Nature Biotechnology mostra que um avanço significativo foi obtido.
Um grupo que reuniu alemães, espanhóis e italianos conseguiu desvendar o genoma da bactéria ingestora de petróleo. Na avaliação dos integrantes está dado o primeiro passo para que, no futuro, com base na bioquímica das bactérias, métodos eficientes de descontaminação ambiental, voltados para os vazamentos de petróleo no mar, possam ser desenvolvidos.
Cm os dados genéticos nas mãos, os pesquisadores podem afirmar que a bactéria A. borkumensis apresenta um grande arsenal enzimático voltado para a quebra das moléculas do petróleo cru. Além desse conhecimento específico, o genoma agora decifrado poderá ter outras utilidades.
Uma delas, explicam os cientistas, é entender, em um aspecto mais geral, como as bactérias sobrevivem. “Em alguns casos, descobertas nesse campo podem até ajudar no controle das infecções microbianas”, explica Peter Golyshin, coordenador da pesquisa, em comunicado da instituição alemã.
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Agência Fapesp, 02/08/2006)